O gang absolvido
Um tribunal colectivo das Varas Criminais de Lisboa , constituído por Nuno Ivo, Ana Teixeira e Silva e Clarice Gonçalves, fez tudo ao contrário do que seria de esperar. Em vez de ter sido firme e determinado no julgamento, foi frouxo, negligente, incapaz, cobarde.
O resultado é vergonhoso para a Justiça. Um gang acusado do roubo de dois milhões de euros em cem assaltos a caixas Multibanco foi tratado com todas as cautelas e deferências devidas a anjinhos de coro – e, obviamente, absolvidos dos crimes. Eram as provas escassas e duvidosas? Não! Era descuidada e fantasiosa a acusação do Ministério Público? Também não!
O gang foi absolvido porque o tribunal de três juízes cometeu um estranho erro: fez uma errada apreciação de parte significativa das provas. Valeu o Tribunal da Relação – que arrasou sem dó nem piedade a ligeireza dos três juízes de primeira instância e ordenou a repetição do julgamento. Mas, como a nossa Justiça tem voltas que o bom senso não aprova, o gang pode vir a ser julgado pelos mesmos juízes. A não ser que os três bondosos magistrados, envergonhados pelo enxovalho, decidam dedicar-se a outra actividade menos exigente.
IN "CORREIO DA MANHÃ"
16/12/10
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