19/12/2010

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BOTELHO MONIZ

Júlio Carlos Alves Dias Botelhho Moniz (Lisboa, 12 de Outubro de 1900 — Lisboa, 1970) foi um militar e político que atingiu o posto de general do Exército Português durante o Estado Novo. Apoiante da Revolução Nacional, foi observador do Exército Português na Alemanha nazi no princípio da Segunda Guerra Mundial, Ministro do Interior (1944-1947), adido militar em Madrid e Washington (1949-1951), procurador à Câmara Corporativa, Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (1955-1958) e Ministro da Defesa Nacional (1958-1961). Desencantado com a política de intransigência de António de Oliveira Salazar em relação à autodeterminação dos territórios ultramarinos, nas funções de Ministro da Defesa Nacional liderou em Abril de 1961 uma tentativa fracassada de impor uma mudança reformista a partir do próprio regime, forçando a exoneração do ditador e a reforma do Estado Novo

Biografia

Foi observador do Exército Português na Alemanha durante a fase inicial da Segunda Guerra Mundial. Entre 6 de Setembro de 1944 e 4 de Fevereiro de 1947 foi Ministro do Interior e chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, do governo de António de Oliveira Salazar. Entre 1949 e 1951 foi adido militar em Madrid e Washington, DC. Em Fevereiro de 1953 foi promovido ao posto de general sendo em 1955 nomeado Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas. Entre 14 de Agosto de 1958 e 13 de Abril de 1961 exerceu as funções de Ministro da Defesa, substituindo no cargo Santos Costa. Teve como Subsecretários de Estado os mais tarde generais Afonso de Magalhães de Almeida Fernandes e Francisco da Costa Gomes. Apesar das importantes funções que exercia no seio do Estado Novo, mantinha ligações com elementos da União Liberal Republicana e da oposição ao regime corporativista, entre os quais o tenente Moreira Lopes, Mário Pessoa, David Neto e Carvalho da Silva.
[editar] O Golpe Botelho Moniz

Em Abril de 1961 liderou uma tentativa de golpe de estado, depois designada por golpe Botelho Moniz, no qual conjuntamente com Craveiro Lopes e outras personalidades ligadas aos círculos do poder, intentou forçar a demissão de Salazar no âmbito da legalidade do regime.

Na origem do incidente, na realidade o extremar de uma dissidência interna no seio da elite político-militar do regime, esteve o repúdio sentido por parte da elite governativa, particularmente a mais aberta à influência americana, pela posição de intransigência assumida pelo Governo português em relação à questão da descolonização. A causa próxima da tentativa foram as exigências das potências aliadas, em particular dos Estados Unidos da América, para que Portugal aceitasse o direito à autodeterminação dos seus territórios ultramarinos, no contexto do movimento global de autodeterminação dos povos submetidos a regime colonial que então ganhava ímpeto.

Botelho Moniz, como aliás parte importante da inteligentsia do regime na fase posterior à vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial repudiava a posição oficial sobre a descolonização e a falta de evolução democrática do regime, que contribuíra para as dificuldade de admissão de Portugal na Organização das Nações Unidas, que apenas ocorrera em 1955 e ainda assim ensombrada pela crítica generalizada dos aliados naturais do País e pelo levantamento do veto da URSS apenas conseguido por conveniência conjuntural no âmbito das negociações entre as superpotências. Esta posição de isolamento fora acentuada pelo apoio que desde 1959 o então senador John F. Kennedy publicamente concedera a Holden Roberto, o líder da UPA/FNLA, tornado mais evidente em 1961 quando aquele senador ascendeu à presidência dos Estados Unidos da América.

Foi autor de um conjunto de obras sobre estratégia e questões coloniais.

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