Espectáculo de Mónica Calle
põe em palco mais de 50 mulheres.
Entre hoje e segunda, na Culturgest, Lisboa
Mais de 50 mulheres movem-se em palco, entre árvores e folhas, num restolhar constante. Têm entre 13 e 67 anos, são actrizes, aspirantes a actrizes, estudantes de teatro, espectadoras curiosas que responderam ao apelo de Mónica Calle para participar num workshop. "Inicialmente queríamos ter apenas dez participantes, mas quando vi as candidaturas achei que fazia sentido ter estas mulheres todas, ter esta mancha imensa em palco, de uma enorme diversidade, há aqui uma mistura muito grande, e isso enriquece o espectáculo", explica a encenadora.
Mais de 50 mulheres movem-se no palco do Grande Auditório da Culturgest, em Lisboa, entre árvores e folhas, num restolhar constante. Há solteiras e casadas, mães e grávidas. Só se conhecem há poucos dias. Mónica Calle já tinha trabalhado com algumas delas, mas só esta semana as juntou todas naquele palco para trabalhar o texto de Strindberg, um "desejo muito antigo" da encenadora que já em 1993 tinha feito A Menina Julia do mesmo autor. Pareceu-lhe que Strindberg ficaria bem depois da sua longa incursão por Tchekov, e que se adequaria a uma sala grande, muito maior do que o seu cantinho no Cais do Sodré, a Casa Conveniente. "Não sendo um texto teatral, tem uma enorme oralidade", diz Mónica Calle, justificando a escolha deste texto autobiográfico escrito pelo dramaturgo sueco August Strindberg entre 1896 e 1897.
"Corresponde a um período de grandes rupturas - quando Strindberg se divorcia e decide parar de escrever para teatro - e em que ele se coloca todo o tipo de questões, familiares, religiosas, de sobrevivência, sobre o que é sucesso. É a meia-idade. E são questões que continuam sempre actuais", explica. "Queria colocar este texto autobiográfico na voz de mulheres porque me parece que ele tem uma escrita onde o racional e o emocional se misturam, e essa é uma característica muito feminina."
Mais de 50 mulheres movem-se pelo palco, entre árvores e folhas, num restolhar constante. Inferno estreia-se hoje mas o workshop continua todos os dias. "O espectáculo está a ser construído, não está fechado. Nem sequer sei como vou chegar ao fim", avisa a encenadora. "Vamos melhorando todos os dias, com a ajuda do público. E no final de cada sessão vamos falar com as pessoas sobre isto. Mas não há condescendência, há um grau de exigência." Estão todos convidados a entrar neste Inferno, até segunda-feira, na Culturgest.
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
04/11/10
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