Misericórdia. Provedor fazia 170 quilómetros
para ir comprar à farmácia da filha
O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Figueira de Castelo Rodrigo, na Guarda, é suspeito de ter favorecido uma farmácia de que é proprietária a filha, a 170 quilómetros de distância da vila.
Segundo a Polícia Judiciária (PJ), Fernando Carrilho, antigo presidente da Câmara Municipal e actual provedor da Santa Casa da Misericórdia, é suspeito de se ter apropriado "indevida e ilicitamente de bens e valores" da instituição e de ter "beneficiado indevidamente uma empresa privada detida por um familiar directo". Em causa estão dois tipos de crime - peculato e participação económica em negócio - e Fernando Carrilho foi constituído arguído, juntamente com outros quatro funcionários da Santa Casa da Miseriórdia e a filha, farmacêutica em Santa Comba Dão. A investigação da Polícia Judiciária demorou um ano e meio.
Mais longe e mais caro A farmácia da filha do provedor, Maria João Carrilho, fica a 170 quilómetros de distância, em Santa Comba Dão, no distrito de Viseu. Mesmo assim, abastecia a Santa Casa da Miseriórdia da Figueira de Castelo Rodrigo e fonte da PJ adiantou ao i que "alguns bens relacionados com material para idosos" e que seriam usados num lar da terceira idade seriam depois vendidos à instituição "a um preço superior" ao habitual.
Ainda segundo a PJ, "foram recolhidos indícios da concretização de negócios jurídicos manifestamente lesivos do património e interesses da instituição, beneficiando indevidamente com os mesmos uma empresa privada detida por um familiar direto do responsável máximo da instituição lesada".
Duas farmácias na vila Provedor da Santa Casa da Misericórdia há vários anos, Fernando Carrilho foi presidente da Câmara Municipal de Figueira de Castelo Rodrigo no final da década de 1980, eleito pelo PSD. Nos primeiros anos em que esteve à frente da instituição, a Misericórdia ainda contratualizava com as duas farmácias que existem no concelho. "Mas passou a ir para Santa Comba Dão assim que a filha abriu a farmácia", recorda uma das proprietárias. "O que até para os doentes é péssimo, porque os produtos chegam de longe e a resposta nunca é imediata no caso de uma emergência", critica.
O i tentou contactar, sem sucesso, Maria João Carrilho e o pai, Fernando Carrilho.
"i"
22/09/10
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