09/04/2010

PAULO BALDAIA







Sexualidade
2010-04-03


Em tempo de Quaresma, a pouco tempo de receber a visita do Papa, os católicos estão a ser apontados a dedo porque a sua Igreja tem demasiados casos pendentes de pedofilia.
Há padres, muitos padres por esse mundo fora, e também em Portugal, que esconderam o tempo que puderam os abusos sexuais que cometeram. E fizeram-no porque à Igreja interessava ocultar estes crimes.
Dito isto, é também preciso dizer que é profundamente injusto fazer da Igreja Católica um antro de pedófilos. Nesta matéria, os crimes e a ocultação da Igreja reflectem o modo de estar de toda a sociedade. Há os criminosos, os que pactuam ocultando e os que praticam a tolerância zero, denunciando.
Sobre pedofilia estamos conversados. É crime grave e deve ser punido com severidade. Entre os católicos há, no entanto, um longo caminho a fazer em matéria de sexualidade. Quando se exige aos padres que vivam sozinhos e se pede a todos os fiéis que pratiquem a abstinência sexual antes e fora do casamento, aponta-se o sexo como um pecado tolerado em nome da procriação.
As religiões - não só a Católica - olham para os prazeres da vida como algo de que podem pôr e dispor, como forma de controlar os seus fiéis. É imposta uma moral que tem servido apenas para tornar secreto e obscuro o que deveria ser livre.
O sexo que a maioria dos homens e das mulheres vê como um prazer é o mesmo que atormenta a cabeça de muitos padres. Quando os deixarem ser livres, quando os deixarem casar, quando os deixarem viver os prazeres, talvez a Igreja se possa ocupar da mensagem de Cristo. Todo o Homem é meu irmão, com todos devo ser solidário.


in "JORNAL DE NOTÍCIAS"

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