D. João I Monarca de Portugal | |
D. João I, rei de Portugal | |
Ordem: | 10.º Monarca de Portugal |
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Cognome(s): | O DE BOA MEMÓRIA |
Início do Reinado: | 6 de Abril de 1385 |
Término do Reinado: | 14 de Agosto de 1433 |
Aclamação: | Coimbra,6 de Abril de 1385 |
Predecessor(a): | D. Fernando I |
Sucessor(a): | D. Duarte |
Pai: | D. Pedro I, |
Mãe: | Teresa Lourenço |
Data de Nascimento: | 11 de Abril de 1357 |
Local de Nascimento: | Lisboa |
Data de Falecimento: | 14 de Agosto de 1433 |
Local de Falecimento: | Lisboa |
Local de Enterro: | Mosteiro de Santa Maria da Vitória, Batalha |
Consorte(s): | D. Filipa de Lencastre |
Príncipe Herdeiro: | Infante D. Duarte (filho) |
Dinastia: | Avis |
D. João I, décimo Rei de Portugal, nasceu em Lisboa a 11 de Abril de 1357 e morreu na mesma cidade a 14 de Agosto de 1433.
D. João era filho ilegítimo do rei D. Pedro I e de Teresa Lourenço (uma jovem filha do mercador lisboeta Lourenço Martins; embora durante muito tempo se tenha sustentado que era de origem galega). Em 1364 foi consagrado Grão Mestre da Ordem de Avis.
Crise de 1383-85
À data da morte do rei D. Fernando I, sem herdeiros directos, Portugal parecia em risco de perder a independência. A rainha D. Leonor Teles de Menezes era impopular e olhada com desconfiança. Ter tornado pública a sua ligação amorosa ao nobre galego João Fernandes Andeiro, que vivia no paço, atraiu todas as críticas contra a sua pessoa e contra o conde Andeiro. Para além do mais, a sucessão do trono recaía sobre a princesa D. Beatriz, casada com o rei João I de Castela.
No entanto, a burguesia e parte da nobreza juntaram-se à voz popular que clamava contra a perda da independência, tão duramente mantida por D. Fernando I. Dois pretendentes apareceram para competir com D. Beatriz pela coroa portuguesa:
- D. João, príncipe de Portugal, filho de D. Pedro I e D. Inês de Castro, era visto por muitos como o legítimo herdeiro, dado o suposto casamento dos seus pais, e
- D. João, filho de D. Pedro I e de Teresa Lourenço, que veio a tornar-se rei.
Com o apoio de um grupo de nobres, entre os quais Álvaro Pais e o jovem D. Nuno Álvares Pereira, e incentivado pelo descontentamento geral, o Mestre de Avis assassinou o conde de Andeiro no paço, a 6 de Dezembro de 1383 e iniciou o processo de obtenção da regência em nome do Infante D. João. Com este último, aprisionado por D. João I de Castela, abria-se a possibilidade política de o Mestre de Aviz ser rei.
Como seria de esperar, D. João I de Castela não desistiu da sua pretensão e preparou-se para lutar pelos direitos da sua consorte à coroa portuguesa. Seguiu-se a Crise de 1383-1385, ou Interregno, um período de anarquia e instabilidade política onde diferentes cidades de Portugal se declaravam por D. Leonor Teles (até esta abdicar da regência para a filha), por D. Beatriz ou pelo Mestre de Aviz.
A guerra civil arrastou-se por mais de um ano. D. Nuno Álvares Pereira, posteriormente condestável de Portugal, revelou-se um general de grande valor, ao contrário do próprio pretendente ao trono. Fernão Lopes é um crítico feroz das acções militares do Mestre, que teria tendência a preferir engenhos e planos complicados, sem resultados, ao contrário da luta valente e cavaleiresca, e das vitórias cruciais de D. Nuno, particularmente no Alentejo e na ajuda a Lisboa, onde o Mestre ficou sitiado sem se ter abastecido das provisões necessárias para aguentar um cerco.
Reinado
Finalmente a 6 de Abril de 1385, as Cortes portuguesas reunidas em Coimbra declaram o Grão-Mestre de Aviz, D. João I, rei de Portugal. Esta tomada de posição resultava na prática como uma declaração de guerra a Castela, visto que atacava o estatuto de D. Beatriz de Portugal como herdeira.
Pouco depois, João I de Castela invade Portugal com o objectivo de tomar Lisboa e remover D. João I de Portugal do trono. Com Castela, seguia um contingente de cavalaria francesa, aliada de Castela para se opôr aos ingleses, que tomaram o partido de D. João I (Guerra dos Cem Anos). Como resposta, D. João I nomeia D. Nuno Álvares Pereira Condestável de Portugal protector do reino.
A invasão castelhana foi repelida durante o Verão, depois da decisiva batalha de Aljubarrota, travada a 14 de Agosto, perto de Alcobaça, onde o exército castelhano foi quase totalmente aniquilado. Castela, então, retira-se e a estabilidade da coroa de D. João I fica permanentemente estabelecida.
Em 1387, D. João I casa com D. Filipa de Lencastre, filha de João de Gaunt, Duque de Lencastre, fortalecendo por laços familiares os acordos do Tratado de Aliança Luso-Britânica, que perdura até hoje. Depois da morte em 1390 de João de Castela, sem herdeiros de D. Beatriz, a ameaça castelhana ao trono de Portugal estava definitivamente posta de parte. A partir de então, D. João I dedicou-se ao desenvolvimento económico e social do país, sem se envolver em mais disputas com a vizinha Castela ou a nível internacional. A excepção foi a conquista de Ceuta, no Norte de África, em 1415, uma praça de importância estratégica no controle da navegação na costa de África que é conquistada a 21 de Agosto. Após a sua conquista são armados cavaleiros, na mesquita daquela cidade, os príncipes D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique. Entretanto, na véspera da partida de Lisboa, falecera a rainha D. Filipa de Lencastre.
Legado
Cronistas contemporâneos descrevem D. João I como um homem arguto, cioso em conservar o poder junto de si, mas ao mesmo tempo benevolente e de personalidade agradável. Na juventude, a educação que recebeu como Grão Mestre da Ordem de Aviz transformou-o num rei invulgarmente culto para a época.
O seu amor ao conhecimento passou também para os filhos, designados por Luís Vaz de Camões, nos Lusíadas, por "Ínclita geração": o rei D. Duarte de Portugal foi poeta e escritor, D. Pedro, Duque de Coimbra o "Príncipe das Sete Partidas", foi um dos príncipes mais esclarecidos do seu tempo e muito viajado, e o Henrique, Duque de Viseu, "o navegador", investiu toda a sua fortuna em investigação relacionada com navegação, náutica e cartografia, dando início à epopeia dos Descobrimentos.
A sua única filha, D. Isabel de Portugal, casou com o Duque da Borgonha e entreteve uma corte refinada e erudita nas suas terras.
No reinado de D. João I são descobertas as ilhas de Porto Santo (1418), da Ilha da Madeira (1419) e dos Açores (1427), além de se fazerem expedições às Canárias. Tem início, igualmente, a colonização dos Açores e da Madeira.
D. João morreu a 14 de Agosto de 1433. Jaz na Capela do Fundador, no Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha.
Foi cognominado O de Boa Memória, pela lembrança positiva do seu reinado na memória dos portugueses; alternativamente, é também chamado de O Bom ou O Grande.
Descendência
Do seu casamento com Filipa de Lencastre (1359-1415) nasceram nove filhos. Destes, os seis que chegaram à idade adulta seriam lembrados como a ínclita geração:
- Branca de Portugal (1388-1389), morreu jovem
- Afonso de Portugal (1390-1400), morreu jovem
- Duarte de Portugal (1391-1438), sucessor do pai no trono português, poeta e escritor
- Pedro, Duque de Coimbra (1392-1449), foi um dos príncipes mais esclarecidos do seu tempo. Foi regente durante a minoridade do seu sobrinho, o futuro rei D. Afonso V e morreu na Batalha de Alfarrobeira
- Henrique, Duque de Viseu, O Navegador (1394-1460), investiu a sua fortuna em investigação relacionada com navegação, náutica e cartografia
- Isabel (1397-1471) casou com Filipe III, Duque da Borgonha e entreteve uma corte refinada e erudita nas suas terras
- Branca de Portugal (1398), morreu jovem
- João, Infante de Portugal (1400-1442), condestável de Portugal e avô de Isabel de Castela
- Fernando, o Infante Santo (1402-1433), morreu no cativeiro em Fez
D. João teve ainda dois filhos naturais de Inês Pires:
- Afonso (1377-1461), primeiro Duque de Bragança
- Beatriz (ca. 1386-1447), casada com Thomas Fitzalan, 12.º Conde de Arundel
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