25/10/2009

ANDRÉ FURTADO DE MENDONÇA

André Furtado de Mendonça (Lisboa, 1558 - 1 de Abril de 1611) foi governador da Índia (1609) e um dos mais destacados capitães do Estado da Índia.

André Furtado de Mendonça terá nascido em Lisboa por volta do ano de 1558. Em 1576, apenas com 18 anos, embarca pela primeira vez para a Índia, onde bem cedo se dedicou ao estudo das rotas, da meteorologia e oceanografia e da cartografia do Índico, assim como do armamento, conhecimentos que lhe permitiriam obter vantagem em combate, quer no mar quer em terra.

Naquela época era difícil ser-se soldado e em particular, sê-lo na Índia. Somente alguns capitães conseguem afastar do espírito a tentação de seguir o caminho fácil do enriquecimento e sucesso individual, sublimando, em si, os ideais de fidelidade à Pátria, ao Rei, a Deus e à Moral.

Curiosamente, é uma visão semelhante, com base na busca de glória através do serviço ao seu Rei e à Pátria, que vai orientar a vida do almirante Horácio Nelson, vitorioso de Trafalgar a 21 de Outubro de 1805.

Na sequência de vários sucessos em acções de guerra no mar, André Furtado Mendonça evolui, em sete anos de simples soldado a capitão famoso, que comandava já outros capitães, apenas com a idade de 25 anos.

Em 1599 é designado para o comando de uma armada de 37 navios e 2000 homens, com a missão de erradicar a pirataria que comprometia os interesses portugueses no Índico, a qual era liderada pelo corsário muçulmano Mohamed Marcar Cunhale, que beneficiava da protecção do Samorim de Calicute. A missão contra o corsário vai desenrolar-se desde Dezembro de 1599 até ao ataque final em princípio de Março de 1600 à fortaleza que servia de base às operações de pirataria na foz do rio Pudepatão.

No dia 2 de Março de 1600, o contingente português, com André Furtado Mendonça à frente das tropas, numa demonstração de coragem e de capacidade de liderança ao mais alto nível, assaltou a fortaleza esmagando completamente as suas defesas. Desta vitória dos portugueses resultou, não apenas a eliminação do mais poderoso corsário do Índico, como também a submissão do Samorim de Calicute ao Vice-Rei, o que reforçou a autoridade portuguesa na Índia.

Em Abril de 1606, encontrando-se André Furtado Mendonça à frente da capitania de Malaca, foi aquela praça sitiada por uma armada holandesa com 11 naus sob o comando do Almirante holandês Matelief, juntamente com navios dos reinos locais, totalizando 14000 homens embarcados. A desproporção dos meios era total, tendo em conta que o efectivo português seria da ordem de pouco mais de uma centena e meia de homens em armas. A resistência ao cerco imposto, em condições muitíssimo difíceis, durou até ao dia 13 de Agosto de 1606, altura em que os sitiantes receberam a notícia da aproximação da armada do Vice-Rei da Índia D. Martim Afonso de Castro e demandaram outras paragens, com perdas superiores a 250 homens.

Em 1609, André Furtado Mendonça assumiu as funções de governador da Índia. Disse de Furtado Mendonça um seu sucessor, D. Miguel de Noronha: “Foi o mais temido pelos inimigos e aceite pelo povo Vice-Rei que houve na Índia”. A sua governação da Índia portuguesa, apenas por um ano, conseguiu inverter a tendência de desgoverno que se vinha acentuando anteriormente.

Em 1610, entregou o governo da Índia ao Vice-Rei Rui Lourenço de Távora e embarcou para Portugal para se avistar com o Rei Filipe II, à época Rei de Portugal, que o mandara chamar. Furtado Mendonça que se encontrava já doente quando embarcou, veio a falecer a 1 de Abril de 1611, quando a nau que o transportava se encontrava a cerca de 270 léguas da ilha de Ascensão. A 5 de Julho decorreu o cortejo fúnebre que levou o corpo para a igreja da Graça onde ficou sepultado ao lado de outro dos heróis da Índia, Afonso de Albuquerque.

Sem mulher e sem filhos, viveu para o serviço da Pátria. Com total dedicação, não obtendo quaisquer vantagens materiais da sua missão de 33 anos de serviço na Índia, dizia ele que foi servir para a Índia e não comerciar. Entre outros feitos, eliminou a pirataria que aniquilava o comércio português, apaziguou ou submeteu os reinos indígenas que se rebelavam contra os portugueses, liderou a resistência ao cerco de Malaca imposto pelos holandeses com uma guarnição muito reduzida, culminando a sua estadia na Índia portuguesa com o exercício da governação daquelas possessões, constituindo um exemplo da liderança lusa sob a qual foi edificado o império português no Mundo.


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