28/06/2009

1 - ABADIA DE ALCOBAÇA

A Real Abadia de Alcobaça ou A Real Abadia de Santa Maria de Alcobaça foi uma senhoria clerical com um território de quase 500 km², situado entre a Serra dos Candeeiros e do Atlântico, abrangendo hoje em dia os concelhos da Nazaré e quase de Alcobaça, assim como a parte sul do concelho de Caldas da Rainha, tendo a sua sede no Mosteiro de Alcobaça. Estas áreas foram dotes concedidos por D. Afonso Henriques ao abade da cisterciense Bernardo de Claraval no ano de 1153. Ao longo de vários séculos, a abadia era um centro espiritual do país, tinha autonomia governamental e o seu abade era um dos mais altos conselheiros do rei. Segundo reza a lenda, aquando da Reconquista, D. Afonso Henriques prometera a Maria, mãe de Jesus, construir um mosteiro em sua homenagem, caso ele conseguisse conquistar aos mouros a importante fortaleza de Santarém. Em 1147, deu-se finalmente a vitória, levando D. Afonso Henriques a cumprir o prometido, oferecendo, em 1153, o território de Alcobaça ao Bernardo de Claraval. Estes eventos encontram-se documentados nos azulejos azuis das paredes da Sala dos Reis do Mosteiro que datam do século XVIII. Em 1178, os cistercienses iniciaram a construção do Mosteiro, tornando-se este um dos mais ricos e poderosos mosteiros da Ordem de Cister. Em 1833, os monges abandonaram-no, tornando-se este um local de atracção para os mais de 250.000 visitantes que anualmente o visitam.


A Igreja da Abadia



FACHADA PRINCIPAL DO MOSTEIRO


Lado sul do Mosteiro com a Biblioteca

O reconhecimento do novo rei pelo Papa

D. Afonso Henriques, estátua de 1716, fachada do Dormitório

Após a importante vitória na Batalha de Ourique sobre os Mouros no ano de 1139, D. Afonso Henrquis autoproclamou-se Rei de Portugal e libertou-se da prestação de vassalagem ao rei de Castela, D. Afonso VII. Em 1143, D. Afonso VII de Castela reconheceu a independência de Portugal por meio de um representante do Papa. Mas era fundamental o reconhecimento da independência do estado português pelo Papa, o que levou D.Afonso Henriques a pedir auxílio a Bernardo de Claraval.[2] Enquanto abade e fundador da abadia cisterciense de Claraval, Bernardo de Claraval foi um dos clérigos mais influentes. Além disso no ano de 1145 foi eleito com Eugénio III o primeiro Papa cisterciense. Em 1144, D. Afonso Henriques concedeu aos Cistercienses a vila de Tarouca, no norte de Portugal. Quando em 1147, D.Afonso Henriques conquistou Lisboa, Sintra, Almada e Palmela aos mouros o reconhecimento da independência de Portugal tornara-se muito mais premente. Com a doação de Alcobaça em 1153, e ainda durante a vida de Bernardo de Claraval – tendo sido este o último Mosteiro que ele fundou antes da sua morte -, é provável que houvesse a intenção de lhe ligar especial importância. Contudo, o reconhecimento do Papa chegava somente no ano de 1179 através de uma bula do Papa Alexandre III. Na Sala dos Reis do Mosteiro encontra-se representada a coroação imaginária de D. Afonso Henriques por Bernardo de Claraval e pelo Papa Inocêncio II (1130--1143) num grupo de figuras de barro em tamanho real que datam do século XVIII.

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