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Carlos Moedas
Moedas tem a responsabilidade política pela tragédia que se abateu sobre
Lisboa. E não tem responsabilidade efetiva sobre a morte daquelas 16
pessoas - até prova em contrário, nada podia fazer para evitar o
descarrilamento.
É óbvio que não há motivo para se demitir - como Medina
e Jorge Coelho não o tinham, apesar do ministro socialista ter optado
por sair. Posto isto, é impressionante a forma como Moedas está a criar
condições para perder as eleições na capital.
As suas entrevistas
assustam de tão mal pensadas. Quem troca argumentos, quem o aconselha a
dizer enormidades que são gasolina para uma oposição que parecia fora de
jogo? Porque falou de Jorge Coelho? Porque utilizou a palavra "sicário"
para definir os críticos socialistas? Moedas deveria ter assumido a sua
responsabilidade política. Deveria dizer aos lisboetas das razões para,
ainda assim, não se demitir.
E em terceiro lugar, justificar a razão
para não responder a nenhuma acusação da oposição, até pelo respeito à
memória dos que morreram. Só que fez o contrário. Mergulhou na lama
quando ainda não nos esquecemos dos mortos. Engrossou a voz quando
esperávamos que existissem palavras que nos apaziguassem. Mostrou-se
implacável e fragilizou-se por soar a falso. Fez lembrar aquelas pessoas
que vemos a fumar charuto, sem o saber. Desejam mostrar que têm poder,
mas apenas reforçam a sua ausência. Ainda pode ganhar a Alexandra
Leitão, mas lançou a dúvida em quem vota em consciência.
* Escritor e jornalista. Foi director de jonais e de uma estação de rádio. É autor de prgramas de televisão e rádio, encenador, consutor empresarial e comentador político. ...
IN "JORNAL DE NOTÍCIAS" - 09/09/25.

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