01/05/2025

DIOGO BARROS

 .



Nacionalização da EDP
e REN: Lições do Apagão
de 28 de Abril de 2025

O apagão de abril de 2025 deve ser o chamado à ação para que Portugal reavive o seu compromisso com a soberania energética. É necessário afirmar que a energia é um bem público e vital; a sua gestão deve refletir isso.

Em um mundo onde a segurança energética se tornou uma questão central para a soberania de nações, a situação que se desenrolou em Portugal, no dia 28 de abril de 2025 serve como um alerta poderoso. O país enfrentou um apagão que durou mais de 10 horas, deixando a população à mercê da escuridão e colocando em risco a continuidade dos serviços essenciais por dias a fio. Este evento trágico não é apenas um mero incidente isolado; ele expõe as fragilidades de um sistema energético que foi deixado nas mãos de multinacionais e fundos de investimento.

O PS e PSD, bem como restantes partidos de direita, frequentemente defendem que a privatização e a liberalização do setor energético trariam eficiência e preços mais baixos para os consumidores. Mas, como o demonstrou este apagão, a realidade é bem diferente. O "barato" de uma energia controlada por interesses privados pode, na verdade, sair muito caro para a sociedade. No caso português, esse apagão revelou não só a vulnerabilidade da rede elétrica, mas também a falta de um compromisso genuíno com a segurança e a sustentabilidade energética.

O episódio do apagão foi alimentado por diversas falhas de gestão e manutenção das infraestruturas pela EDP (Energias de Portugal) e pela REN (Redes Energéticas Nacionais), entidades que, ao priorizarem lucros em detrimento de investimentos cruciais, deixaram o país em uma situação crítica. O recorte de custos em setores vitais acabou por comprometer a estabilidade da rede, evidenciando a necessidade urgente de um controle nacional sobre a produção e distribuição de energia.

Neste contexto, a nacionalização da EDP e da REN se torna não apenas uma opção viável, mas uma imperativa estratégica. Ao reverter o controle dessas entidades para as mãos do Estado, Portugal poderia garantir um gerenciamento mais responsável e orientado para as necessidades da população. Além disso, essa mudança permitiria um investimento robusto em energias renováveis e sustentáveis, alinhando-se às metas globais de redução de emissões de carbono e desenvolvimento sustentável.

A transição para uma matriz energética verde não é somente uma questão ambiental; ela é uma questão de independência e segurança nacional. As energias renováveis, como solar e eólica, são demais potencialmente abundantes em Portugal, e devem ser exploradas em sua plenitude. Um sistema energético nacionalizado focado em fontes limpas e autossuficientes não apenas fortaleceria a resiliência do país frente a crises futuras, mas também promoveria empregos e desenvolvimento económico local.

Portanto, é hora de reconsiderar a abordagem liberal que entregou o setor energético a interesses privados e estrangeiros. O apagão de abril de 2025 deve ser o chamado à ação para que Portugal reavive o seu compromisso com a soberania energética. É necessário afirmar que a energia é um bem público e vital; a sua gestão deve refletir isso. Somente assim poderemos garantir um futuro onde cada cidadão tenha acesso a uma energia segura, acessível e, acima de tudo, sustentável.

* Activista, Porta-Voz da Humanamente e militante do Bloco de Esquerda de Vila Nova de Famalicão.

IN "ESQUERDA" - 30/04/25

NR: Toda a gente fala de mudança depois do "apagão", antes quem se preocupava?.

Sem comentários: