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Dar o Habeas Corpusao manifesto
Volta e meia recebemos aquele convite para ir um jantar, um
lançamento de livro, uma conferência, e acabamos por recusar porque o
mais certo é ser um final de dia aborrecido. Mas como hoje em dia não é
qualquer coisa que nos tira de casa, precisamos de sentir que a animação
é garantida. E é por isso que devemos valorizar a atuação do grupo
Habeas Corpus. Esta semana, este grupo voltou a invadir um evento, desta
vez, uma conferência sobre direitos LGBTQIA+, organizada pela Ordem dos
Advogados em Lisboa. Tudo o que cheire a esta temática, é certo que
este grupo vai marcar presença, como pudemos assistir no lançamento do
livro “O Pedro gosta do Afonso” no passado outubro.
Muitas pessoas criticam este coletivo de extrema-direita por ser agressivo, irritante e até perigoso, mas temos de ver o outro lado. É uma maneira de meia dúzia de pessoas desempregadas estarem ativas, porque não podem ser cidadãos com responsabilidades e um emprego, se estão a uma quinta-feira na freguesia de Santa Maria Maior até porque ali para estacionar é um pesadelo. A conferência era “Igualdade em construção: os direitos humanos das pessoas LGBT+” e, como tudo o que está em obras, também aqui apareceram pessoas alheias a mandar bitaites sem lhes ter sido pedida opinião. Quando li que se gritou várias vezes “pouca vergonha” achei que podia ser sobre o que ainda falta fazer para assegurar a igualdade de direitos, mas não. Afinal, era pouca vergonha de se estar a falar sobre isso. Também se classificou o evento como algo que “normaliza a homossexualidade”. Aqui achei arriscado o uso do conceito “normal” por pessoas que passam a vida aos urros, gritos e a ofender quem passa. No final, foram escorraçados do salão nobre da Ordem dos Advogados. O que é no mínimo irónico dado que se trata das mesmas pessoas que abordam a imigração como invasores que deviam ir para a terra deles. Foi exatamente isto que aconteceu a esta minoria. Mas muito a custo, porque os advogados não têm bem jeito para confronto físico. Aliás, tenho ideia que a maioria foi para advocacia exatamente por não ter jeito para andar à porrada.
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