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Já todos tínhamos consciência do problema, mas agora ficámos a conhecer a sua assustadora dimensão. Um estudo do Observatório da Emigração, divulgado na semana passada, indica que 30% dos jovens nascidos em Portugal vivem fora do país.
São já mais de 850 mil os portugueses entre os 15 e os 39 anos que residem no exterior, muitos deles qualificados. Em média, saíram mais de 75 mil pessoas por ano desde 2001. Quase um terço das mulheres em idade fértil está atualmente emigrada, pelo que os filhos de mães portuguesas no estrangeiro já representam cerca de 20% do total de nascimentos em Portugal.
Estes números são um murro no estômago. É verdade que a globalização facilitou a emigração, sendo aliciante para um jovem viver e trabalhar no estrangeiro. E também sabemos que, ao invés, Portugal é hoje muito procurado por imigrantes, ao ponto do nosso saldo migratório ser positivo. Ainda assim, esta exportação de jovens (e talento) revela que uma parte significativa da população portuguesa está desencantada com o país e não acredita no seu futuro.
Os baixos salários, as dificuldades em compatibilizar a vida pessoal e profissional, as fracas perspetivas de carreira, o aumento do custo de vida e a degradação dos serviços públicos explicam, em boa medida, que Portugal tenha a taxa de emigração mais alta da Europa e uma das maiores do mundo. Neste sentido, o atual movimento migratório só abrandará com um crescimento económico mais robusto.
Até termos esse crescimento económico, há que pôr em prática políticas que ajudem a reter os nossos jovens em Portugal, designadamente aqueles em cuja formação superior investimos. Isto passa por medidas que promovam, em particular, a subida de salários em início de carreira, a melhoria das condições de trabalho, o aumento da qualidade de vida e o acesso à habitação.
Por outro lado, temos de encontrar estratégias quer para estimular o retorno dos jovens emigrados, quer para captar imigrantes qualificados. Em ambos os casos, a criação de incentivos fiscais que valorizem o talento pode ajudar a tornar o país mais atrativo e a reforçar a sua massa crítica.
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