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Três planetas Terra
Há aspetos destacados pela Zero: os apenas 10% de energia nos transportes serem oriundos de fontes renováveis, o impacto do consumo de animais e a taxa de circularidade de Portugal ser de 2% (a média na UE é de 13%) e se nos compararmos com os Países Baixos (31%), percebemos melhor o quão atrasados estamos na reciclagem e reutilização de materiais.
Não se compreende o financiamento público da indústria pecuária impactante na saúde ambiental, humana e animal (e no bem-estar de animais sencientes, com questões éticas/científicas inerentes) quando se deveria direcionar o financiamento público para a produção alimentar de base vegetal com práticas agrícolas benéficas para a saúde, ambiente e solos, e que não hipoteque as gerações futuras.
A construção e o têxtil também devem merecer uma atenção especial das políticas públicas. No caso dos têxteis, a Agência Portuguesa do Ambiente afirma que em Portugal, 4% dos resíduos urbanos são têxteis, mas continuamos sem um sistema de gestão desses resíduos e à espera da ordem europeia (para 2025?) para implementar a recolha seletiva de roupa usada. A "fast fashion", o aumento do consumo e descarte de têxteis são um problema, cujos dados indicam que, em média, cada europeu compra anualmente 26 kg de têxteis e deita fora 11 kg/ano e apenas 1% da roupa descartada é reciclada.
Numa sociedade "fast", urgem políticas públicas coerentes que implementem a produção alimentar com padrões ambientais sustentáveis e éticos e os sistemas de circularidade, reutilização, recolha seletiva porta-a-porta, compostagem doméstica e comunitária e tratamento de resíduos focado na reciclagem de qualidade, sem esquecer a aposta na tara recuperável, fundamental para incluir a participação dos cidadãos e cidadãs.
* Dirigente do PAN
IN "JORNAL DE NOTÍCIAS" - 11/05/23.
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