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Recusaram embarcar no patrulhão Mondego 13 amotinados. Deveriam ter seguido um navio russo ao largo da ilha de Porto Santo, Madeira. Os militares russos não vieram certamente fazer turismo, comer bolo do caco ou beber uma poncha de maracujá no Porto Santo! Suspeitas há de que possam ter medido, analisado e localizado os cabos submarinos de telecomunicações, um ativo estratégico para o país e para o continente europeu. Com um motor ativo, ir no Mondego desde o Funchal ao Porto Santo não seria uma missão digna para um James Bond numa película de 007. Não se tratava de uma missão de vida ou de morte e havia uma ordem para cumprir. Dito isto, os marinheiros devem ser ouvidos e estarão a dar um sinal de alerta? Sim. Mas ficou por alcançar um objetivo militar.
Nenhum patriota está satisfeito com o estado da esquadra, o Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA) também não, como aliás reafirmou. A própria ministra da Defesa, Helena Carreiras, na semana passada e em entrevista ao DN e TSF, disse que, finalmente, a Lei da Programação Militar vai ter um reforço de dois dígitos e que a prioridade é a manutenção dos equipamentos, a sua modernização e reforço tecnológico. Qualquer investimento anunciado não produzirá efeitos imediatos, mas é um bom ponto de partida para tirar a Armada do estaleiro do Alfeite. Corvetas, fragatas, submarinos precisam de peças, de tecnologia, de meios humanos.
Com uma guerra a decorrer em plena Europa - e o envio de aviões por parte da Polónia e a Eslováquia vai aumentar a escalada do conflito - , é tempo de reforçar a aposta estratégica num dos braços da soberania, as Forças Armadas. Mas não é tempo de dizer "não" a missões militares. Por isso, e pelos valores que regem as Forças Armadas, a punição será uma espécie de vacina anti-pandemia do motim que fará, certamente, jurisprudência. Não é hora de embarcar em fações, é hora de reunião e de renovado espírito de corpo.
* Directora do "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS" - 28/03/23.
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