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Coisas de israelitas
Com governantes destes em Israel, que tão mau nome dão aos judeus, estamos conversados.
Um ministro da Israel criticou os colonos que vandalizam campas palestinianas. E lamentou que os judeus estejam a fazer o mesmo que criticavam a outros, quando lhes faziam a eles. E chegou ao ponto de criticar os colonatos ilegais, onde se detectaram essas práticas. A verdade é que os judeus de Israel há muito fazem aos outros o que lhes faziam a eles. Será o ‘olho por olho’?
O crítico era do Meretz, um partido progressista. E neste momento, é necessário pelos vistos ser progressista e de esquerda, para ser justo em Israel. Porque o primeiro ministro, num momento em que se esperaria que apoiasse o seu ministro, censurou-o, talvez com medo de perder votos, ou por motivos ideológicos (já que ele é de outro partido, apoiante dos colonatos). E o anterior PM, que tão bem se dera com Trump, Benjamim Netanyahu, chegou a pedir a sua demissão.
Com governantes destes em Israel, que tão mau nome dão aos judeus, estamos conversados.
Mas a ler um judeu, Philip Roth, tive este espécie de epifania. Israel é hoje, para os judeus, o mais próximo que se pode imaginar de um holocausto.
Os israelitas vivem lá presos, e cercados por muçulmanos que os detestam, e a população parece estar a reagir contra si própria – como Roth põe na boca de um dos personagens judeus de um seu livro – ao eleger governos reaccionários, que pretendem tratar os outros mais ou menos como os nazis trataram os judeus. De resto, Roth põe outra sua personagem judia a lamentar que a alma dos judeus já não possa existir em Israel. E ambos foram em tempos apoiantes do novo Estado de Israel.
Parece um drama provocado pela direita judia, que faz eleger os seus governos. Era necessário serem eles, os judeus israelitas, a verem isso maioritariamente. Por razões de liberdade política e por motivos religiosos.
* Jornalista
IN "SOL" - 31/01/22.
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