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Os verdadeiros afetos de Marcelo
Aproveitando o facto de muitos estarem anestesiados pelos "afetos" e pelas selfies, Marcelo, nas últimas semanas, mostrou à evidência que, efetivamente, tem uma agenda política que procura beneficiar os "seus" contra os "outros".
Começou pela chantagem sobre o Orçamento (ou é aprovado ou há eleições) que, manifestamente, visou beneficiar quem o apresentou e prejudicar quem defendia propostas para o alterar. Em pleno período negocial decidiu receber Paulo Rangel, apresentando desculpas esfarrapadas para justificar o óbvio: tomou partido na decisão sobre a liderança do seu próprio partido. Ridicularizou os membros do Conselho de Estado, "auscultando-o" sobre uma decisão (a dissolução da Assembleia da República) que já tinha tomado e tornado pública.
Fez um discurso para anunciar aos portugueses a sua decisão onde, mais uma vez, decidiu atribuir responsabilidades pela situação, poupando-se a si e aos "seus" e culpando os "outros". E agendou as eleições para uma data (30 de janeiro) que contraria a data quase unanimemente sugerida pelos partidos (16 de janeiro). Com outra justificação risível: possibilitar os debates televisivos (ou seja, os partidos que participarão nesses debates querem uma data anterior, mas o "paternal" Marcelo acha que eles precisam de mais tempo!...).
Uma decisão que, só não vê quem não quer, visa beneficiar o seu protegido Paulo Rangel (já agora, as presidenciais de 2021 realizaram-se a 24 de janeiro e, antes disso, tivemos, nas televisões, dezenas de debates - nas legislativas serão bastante menos).
Veremos, agora, os resultados eleitorais. Se, como tudo indica, se mantiver a correlação de forças, como se justificará Marcelo?
* Engenheiro
IN "JORNAL DE NOTÍCIAS" - 08/11/21
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