04/10/2020

ROSÁLIA AMORIM

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Trump e Masquerade, 

do Fantasma da Ópera 

Medo de ver a realidade em seu redor. Talvez tenha sido este sentimento que fez que Donald Trump tenha desdenhado o vírus que veio da China e que nos obrigou a confinar. Trump, de peito feito, negou o vírus, tal como Bolsonaro, e incentivou aos mais disparatados tratamentos anticovid.

Trump será um homem com medo? Medo do vírus, medo de umas eleições que teme perder para Joe Biden, apesar de apregoar o contrário e de forma intimidatória, esquecendo-se de que os Estados Unidos são os Estados Unidos e não uma qualquer Rússia, Turquia ou Coreia do Norte. 

Trump não é um homem corajoso. É um louco medroso. Estará agora no colo de Melania arrependido dos disparates que disse, desde que começou a pandemia? Ou afinal nem sequer está infetado? Trump ignorou a ciência, a saúde, os médicos e especialistas, gozou com as máscaras – tal como outros políticos o fizeram em Portugal, e, a esse propósito, vale a pena recordar o socialista e presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, quando chamou “mascarados” aos que teriam a intenção de prevenir-se de eventual contágio no Parlamento. 

 Mascarados. Cada um tem um a sua máscara. A da política, a das artes, a do desporto, a da economia, a das sociedades secretas ou a da comunicação social. Mas as máscaras não podem esconder a verdade nem o conhecimento. As máscaras podem fazer sobressair a inteligência, a prudência, a coragem, a ausência de preconceitos e a total disponibilidade para a democracia e a liberdade. 

 “Esconda o rosto para que o mundo nunca o encontre”, como canta o Fantasma da Ópera, é receita que não resultará nesta pandemia. “Olhe em volta, há outra máscara atrás de si.” A letra de Andrew Lloyd Webber é brilhante. Desmascara mascarados. “Corra e esconda-se, mas um rosto ainda irá persegui-lo!” 
Joe Biden será esse rosto no próximo longo mês (a 3 de novembro os americanos vão às urnas escolher o presidente dos Estados Unidos pelos próximos quatro anos). No debate que decorreu nesta semana entre os dois candidatos, Biden pode não ter tido o fervor que os analistas políticos esperavam, e foi criticado por isso, mas a falta de civismo de Trump superou tudo e caiu a máscara. O debate de insultos, infelizmente, resultou numa derrota para a democracia. O candidato do Partido Democrata terá de distanciar a sua narrativa da do “mascarado”.

 O presidente em exercício e candidato à reeleição não resistiu a agradar à sua base eleitoral e insistiu em pôr em causa as capacidades mentais de Biden, chegando ao ponto de sugerir que o candidato do Partido Democrata só teria uma boa prestação se fosse estimulado com drogas e recebesse indicações através de um auricular… Num baile de máscaras não vale tudo, mesmo que os dançarinos tenham essa ilusão.

IN "DINHEIRO  VIVO" - 04/10/20

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