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A inevitabilidade
da sustentabilidade
Contrariamente às gerações que nos precedem, as mudanças climáticas não são uma realidade que temos de aceitar, mas sim algo que sempre fez parte da nossa vivência.
Contrariamente
às gerações que nos precedem, as mudanças climáticas não são uma
realidade que temos de aceitar, mas sim algo que sempre fez parte da
nossa vivência. Termos como “ecológico”, “economia circular” ou “consumo
consciente” fazem cada vez mais parte do nosso léxico, revelando que
ter um estilo de vida sustentável se está a tornar uma preocupação
maior.
Este sentimento advém do facto da nossa qualidade de vida
futura poder ser profundamente afetada pelas mudanças climáticas. Esta
urgência de mudança reflete-se em iniciativas como a Greve Climática
Estudantil, cuja página de Instagram tem perto de 17 mil seguidores. Os
estudantes são um grupo demográfico extremamente importante, pois
representam os novos eleitores. Ao aliarem-se a este tipo de movimento,
podemos ver que a preocupação com a sustentabilidade pode influenciar a
maneira como exercemos os nossos direitos democráticos. O PAN, pela
primeira vez, tem um grupo parlamentar na Assembleia da República. Isto é
um forte indicador de que os nossos futuros líderes, para poderem
contar com o nosso voto, terão de encarar as questões ambientais de
forma séria e não como algo secundário.
A alteração do tipo de
líderes potenciaria mudanças em termos estruturais que ultrapassam o
consumidor. Por exemplo, a questão do plástico descartável que se tornou
indispensável na maioria das indústrias. Uma legislação que
restringisse o uso deste produto altamente poluente para as
circunstâncias em que é absolutamente necessário, subsidiando ou dando
outro tipo de incentivo a empresas que produzem ou optam por utilizar
plásticos biodegradáveis, faria uma enorme diferença. Estas medidas
teriam um impacto em todo o processo de produção e não simplesmente no
produto final, que é o que o consumidor tem acesso.
Outra
instância em que a ação governamental seria igualmente relevante seria
no tratamento de resíduos. Com os avanços tecnológicos, um novo tipo de
resíduos começou a ser criado: o resíduo de equipamentos elétricos e
eletrónicos (REEE) que pode afetar gravemente o ambiente. A União
Europeia já está a tomar medidas para colmatar este problema, porém,
ainda existem carências nessas medidas e ter líderes informados sobre
estes assuntos é essencial para corrigi-las. Ademais, para além dos
REEE, o resto dos resíduos poderia ser usado de forma mais eficiente,
evitando que acabasse em aterros. Criando uma rede de compostagem a
nível nacional estaríamos a produzir, de forma sustentável, fertilizante
que poderia ser usado para evitar a erosão dos solos, ajudando a
garantir a sustentabilidade agrícola e diminuir a possibilidade de fogos
florestais. Os resíduos que não podem ser reciclados, conseguiriam ser
utilizados para a produção energética, que contribuiria para diminuir a
nossa dependência nos combustíveis fósseis.
A narrativa de que a
sustentabilidade é uma ameaça para o crescimento económico também está a
perder tração. Desde pequenas iniciativas como venda de roupas em
segunda mão através das redes sociais a marcas de roupa ecológica como a
TALA, cujos produtos são manufaturados em Portugal, é prova que a
sustentabilidade pode ser e é rentável. O perfil do típico consumidor
está a mudar e a sua consciência ambiental é um dos potenciadores dessa
mudança. Isto tem um impacto na maioria das indústrias, requerendo que
estas se tenham de reinventar para se manterem relevantes e atrativas no
mercado.
Estamos atualmente num período de transição, no que toca
às nossas atitudes perante as mudanças climáticas, o que poderá causar
sentimentos de incerteza e pessimismo devido à gravidade da questão.
Contudo, o ser humano tem uma capacidade imensa de se adaptar. As
mudanças climáticas são simplesmente mais um obstáculo, mas existem
várias soluções à nossa disposição para conseguirmos estar à altura da
situação. A nossa geração aliada com os avanços tecnológicos e a nossa
ânsia por mudança faz com que a sustentabilidade seja, de facto, uma
inevitabilidade.
* Aluna do St. Peter’s International School IB2 (12º ano)
IN "O JORNAL ECONÓMICO"
05/06/20
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