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IN "NOTÍCIAS MAGAZINE"
20/05/20
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Regina Duarte:
“Eu já fiz de morta em
novela e é divertido”
Melhor no papel de vilã na vida real do que de boazinha como atriz, Regina Duarte elogia Maria Vieira, mesmo sem a conhecer, e explica porque aceitou o convite de Bolsonaro.
Esta semana a nossa convidada é a secretária especial da
Cultura do Governo de Bolsonaro, a atriz, ou ex-atriz, Regina Duarte.
Olá, Regina. Sabe que nós cá em Portugal temos uma atriz muito parecida
consigo.
Com muito talento?
Não, muito fascista. É a Maria Vieira.
Não conheço. Mas se é fascista é boa pessoa.
Você passou de Rainha da Sucata para Rainha da Suástica. Foi
um grande salto. Como é que lhe passou pela cabeça aceitar o convite do
Bolsonaro para secretária da Cultura? Achou que estava à altura do
papel?
Sim, como o Bolsonaro não liga nada à cultura achei que não tinha que fazer grande coisa e aceitei.
Durante o discurso da sua tomada de posse a senhora disse que “cultura é o pum do palhaço com talco”.
Pois foi, foi um sucesso essa minha frase.
Sim, a aerofagia é muito importante na arte. Estava capaz de
lhe pedir para tocar o hino do Brasil só com puns, mas acho que o Brasil
já está a sofrer que chegue. Sabe que eu quando a oiço falar o que me
apetece é a cena do estalo do palhaço.
Ai, eu adoro essa cena do estalo do palhaço. É hilariante. Melhor só
mesmo o estalo a sério dos torturadores no tempo da ditadura. Saudades
desse Brasil.
Calma, já estão quase lá outra vez. Na sua entrevista à CNN, a
senhora cantou uma música desses tempos, cheia de alegria, e perante a
estupefação do entrevistador que disse “mas havia tortura e morreu muita
gente”, a senhora respondeu “sempre morreu gente”…
Sim, há vida e depois há morte. É natural.
Sim, mas morte por fuzilamento, por choques elétricos, por
afogamento forçado, por enforcamento, não é propriamente o mesmo que ter
um ataque cardíaco.
Quer dizer, ficam todos na mesma. Ah, ah, ah. Como lá chegaram pouco interessa, né? Eu já fiz de morta em novela e é divertido.
Sabe que para muita gente foi uma surpresa perceber quem
realmente você era na vida real. Você faz muito melhor de vilã na vida
real do que alguma vez de boazinha nas novelas. Se bem que, não leve a
mal, você sempre me irritou muito como atriz. Acho que tudo o que possa
fazer agora no Governo do Bolsonaro não me consegue irritar tanto como o
seu histerismo a fazer de Porcina. E agora vou dar um pum só para
trazer um pouco de cultura para esta entrevista. Com licença…
Cultura da ditadura
A secretária especial da Cultura do Brasil, a atriz Regina Duarte,
minimizou a censura e a tortura durante a ditadura que vigorou no país
entre 1964 e 1985, e afirmou que a covid-19 “trouxe uma morbidez
insuportável”.
“Se ficar a cobrar coisas que aconteceram nos anos 1960, 1970, 1980, nós
não vamos para a frente. (…) Sempre houve tortura, não quero arrastar
um cemitério”, disse Regina Duarte, 73 anos, em entrevista à CNN Brasil.
A secretária falava sobre ter aceitado integrar o Governo de Jair
Bolsonaro, que considera “heróis” alguns dos envolvidos em casos de
prisão e tortura na ditadura militar.
IN "NOTÍCIAS MAGAZINE"
20/05/20
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