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HOJE NO
"OBSERVADOR"
Marcelo quer renovar estado
de emergência até maio
No dia em que são conhecidos os piores números de novos infetados, o Presidente da República defende que "não se pode brincar em serviço". Também esclarece polémica com indultos.
Era para ser uma mensagem sobre a Páscoa, mas tinha dois propósitos:
anunciar a renovação do estado de emergência, cuja “convicção” já está
“formada” na cabeça do Presidente da República, e esclarecer as
polémicas que têm surgido relativamente à nova lei dos indultos
presidenciais.
Marcelo não quis esperar pelo final da semana, quando termina o atual
estado de emergência, para anunciar já que pretende renová-lo. E
explica porquê: “Não podemos brincar em serviço, não podemos afrouxar
neste momento decisivo, nem baixar a guarda”. Um alerta que surge pouco
depois de terem divulgados os números desta sexta-feira do boletim da
DGS que mostram o maior aumento do número de infetados. O Presidente
lembrou que “já tinha avisado que tínhamos de estar preparados para ver
numero de infetados subir”, mas não deixou de fazer uma leitura aos
valores que representam uma “quase duplicação do numero dos últimos
dias”: Significa que temos de estar muito focados num combate que ainda não está totalmente ganho“.
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Para
já, ainda há que ouvir os especialistas nesta pandemia como tem
acontecido todas as semanas, e depois o Governo, antes de pedir
autorização da Assembleia da República, como mandam as regras. Mas, diz
Marcelo, estão “todos unidos” e a “enfrentar o mesmo combate” onde tem de haver “controlo dia a dia”.
Na
visão do Presidente, o país está agora a caminhar para meio da segunda
fase do combate aos efeitos da pandemia em Portugal e, por isso, “o
esforço desta Páscoa tão importante”. Num alerta para que os portugueses
não descurem as medidas de contenção, Marcelo reforça que “aquilo que
fizermos hoje, no período de incubação, repercute-se nos resultados que
vão ser obtidos daqui por uns dias”. E, justificando a decisão de
prolongar o estado de emergência por mais 15 dias, voltou a frisar a
importância do mês de abril: “Se queremos, como quer o Primeiro-Ministro
e o Governo, abrir perspetivas relativamente a maio quanto ao ano
letivo; e se queremos, do ponto de vista social e económico, abrir
perspetivas no mês de maio, temos de garantir, até ao final de abril,
que há uma evolução que se traduza, não só no decrescimento dos casos
diários, mas no decrescimento em números absolutos”. Até porque “a recaída é sempre pior que a situação previamente vivida”.
Avaliação caso a caso. “Não vai haver indultos em massa”.
Uma das preocupações de Marcelo para esta sexta-feira tinha a ver com
a legislação para os indultos especiais do Presidente por causa do
estado de emergência e as informações falsas que começaram a circular
nas redes sociais sobre o assunto. “Não podemos começar a preocupar os
Portugueses e a distrair as atenções com falsas notícias e alarmismos
injustificados”, justificou. O assunto preocupou de tal forma que, pouco
antes da declaração de Marcelo, a Presidência da República fazia
publicar no site oficial uma nota a denunciar “notícias falsas”
e a esclarecer que os indultos “não se aplicam a homicidas e
pedófilos”. “Os casos que chegarão à mão do Presidente serão outros”,
diria mais tarde Marcelo.
Nma iniciativa rara, Belém acrescentou
ainda que os indultos especiais, “não se aplicam a condenados por crime
de homicídio, crime contra a liberdade pessoal ou liberdade sexual e
autodeterminação sexual, incluindo violação e abuso sexual de crianças e
adolescentes, violência doméstica e de maus tratos, ofensa à
integridade física grave ou qualificada, roubo com violência, crime
contra a identidade cultural e integridade pessoal, crime de incêndio,
nomeadamente incêndio florestal, tráfico de droga, associação criminosa,
branqueamento de capitais, corrupção passiva ou ativa, crime enquanto
titular de cargo político ou de alto cargo público, magistrado judicial
ou do Ministério Público, ou enquanto membro das forças policiais e de
segurança, das forças armadas ou funcionários e guardas dos serviços
prisionais”.
Algumas destas exceções foram acrescentadas na votação das medidas na especialidade.
E mesmo depois deste esclarecimento, o Presidente da República de puxar
do assunto em direto aos portugueses para explicar que os indultos
especiais são permitidos por uma razão específica (a pandemia), por
critérios “éticos, humanitários e de saúde pública” e deixar garantias de que “o Presidente vai indultar caso a caso” ou seja, “não há indultos em massa”.
Apoio à decisão do Governo sobre o regresso às aulas. “Não há propostas ideiais”
Sobre a decisão anunciada pelo primeiro-ministro na quinta-feira para o que resta do ano letivo,
Marcelo fez questão de declarar apoio, dizendo que a alternativa –
passagens administrativas – seria a pior solução possível”. “Quero aqui
apoiar a proposta apresentada ontem e hoje pelo primeiro-ministro e pelo
ministro da Educação”, disse o Presidente da República sobre a forma de
terminar o ano escolar.
E mesmo admitindo que não é a solução perfeita, até por não impedir
as desigualdades, Marcelo Rebelo de Sousa mantém-se ao lado do Governo :
“Não há propostas perfeitas nestas circunstâncias, não
há como ter uma recuperação integral do tempo perdido, evitar
desigualdades entre crianças e famílias, não há como encontrar a melhor
forma de avaliação da matéria à medida do que seria normal num ano
letivo normal. O que se encontrou foi a solução possível e no meio de
muitas incertezas”.
* E aos costumes disse pouco.
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