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Poucos acreditam que Marcelo Rebelo de Sousa
não anuncie a sua recandidatura a mais um mandato em novembro. Ainda
assim, aumentaram as pressões para que surja uma personalidade oriunda
do PS que possa combater o atual chefe de Estado. O nome que parece
reunir maior consenso a menos de um ano das eleições presidenciais é o
de Ana Gomes, ex-eurodeputada do PS, diplomata de carreira e, agora,
também comentadora na TV ( tem um espaço de opinião na SIC Notícias). .
Entre os seus conhecidos, figuras do PS ou admiradores da sua
intervenção pública, há defensores de uma candidatura presidencial (caso
de Francisco Assis), mas também há quem faça um discurso de alguma
cautela. É o caso de João Cravinho, antigo deputado e ministro do PS.
“Sou admirador de Ana Gomes, é um bem público nacional (a sua produção, a
sua atividade cívica) que deve perdurar muito para além desta questão
da Presidência a decidir em 2021”, afirma Cravinho ao i.
Daqui a um ano inicia-se um novo mandato presidencial e João Cravinho dá conselhos sobre os argumentos a ponderar numa eventual candidatura a Belém: fazer um balanço no “conjunto das situações de pré-campanha, campanha e pós-campanha” para saber qual é a melhor maneira de Ana Gomes “acrescentar a sua própria capacidade, influência e conseguir situar-se num ponto mobilizador ao longo de todo o tempo, e não apenas num período de campanha para a Presidência”. O antigo parlamentar socialista insiste que “Ana Gomes tem uma grande capacidade e lucidez, e não só capacidade e lucidez. Tem também uma grande firmeza, uma grande determinação, uma coragem de pôr os pontos nos ii, de chamar a atenção para aspetos absolutamente básicos de transparência e de integridade na vida política. Esse papel que ela faz, fá-lo melhor que ninguém”.
Porém, lembra que até agora não há indicações de que queira ser candidata. No caso de o ser, “tem de procurar, evidentemente, o melhor resultado possível, e terá com certeza um resultado expressivo, mas é pouco provável que seja vencedora dessa luta política”.
Sem revelar se apoiará Ana Gomes caso ela venha a ser candidata, Cravinho admite, contudo, que tem a “obrigação de ser solidário, colaborante com quem promove, com eficácia, a descontaminação da vida política portuguesa”. E lembra que se esse dia chegar - o da candidatura -, a própria terá o cuidado de explicar o projeto, o “porquê” e “para quê” da decisão.
José Vera Jardim, outro antigo parlamentar socialista, sublinha que acredita em Ana Gomes quando diz que não pretende ser candidata. Num cenário contrário, “obviamente que será uma boa candidata. É uma mulher
de causas e vai trazer isso para o debate”, para o enriquecer. Mas Vera
Jardim não diz abertamente que a apoiará. “Quando [Ana Gomes] mudar de
opinião, eu penso sobre o que faço”. Ou seja, espera ver se ela é
candidata para tomar qualquer posição pública. Até lá, é “muito cedo”
para falar de presidenciais, sublinha, em declarações ao i. Afinal,
ainda faltam dez meses para a eleição.
Na mesma linha desta leitura extemporânea está Manuel Alegre, duas
vezes candidato presidencial: “As candidaturas dependem da vontade das
pessoas. É muito cedo e eu não vou pronunciar-me sobre nenhum candidato.
É muito cedo. Sei disso por experiência própria”, afirmou ao i o
histórico militante do PS.
Certo é que já há dois grupos de apoiantes na rede social Facebook a uma candidatura presidencial de Ana Gomes: um com 20 seguidores e outro com 248 membros - isto depois de o seu nome ter sido lançado pelo ex-colega de bancada no Parlamento Europeu Francisco Assis, ter tido o apoio do empresário Henrique Neto, do advogado e membro do partido Livre Ricardo Sá Fernandes, do fundador do Livre, Rui Tavares, do ex-deputado Paulo Trigo Pereira e do académico (mais alinhado à direita) Nuno Garoupa.
E a ideia de que Ana Gomes será candidata ganhou novamente lastro no comentário dominical, na SIC, de Marques Mendes, antigo líder do PSD. “Ana Gomes vai mesmo avançar. Acho que é bom para a eleição presidencial. (...) É apenas uma dor de cabeça para António Costa, como é uma dor de cabeça para o Bloco de Esquerda. Mas acho que para a eleição presidencial não é mau”.
Horas depois, a própria Ana Gomes veio responder a Marques Mendes, na SIC Notícias. A ex-eurodeputada considerou que se pode fazer “todo o tipo de especulações”, mas assegurou: “Não tenho essa ambição”. E insistiu que não vai desviar as suas atenções da intervenção cívica que vem desenvolvendo para um ato eleitoral que só ocorre dentro de dez meses. Contudo, mostrou-se “agradecida a quem a apoia por se identificar com as causas” que abraçou.
Na véspera, Ana Gomes tinha dito, numa entrevista ao DN e à TSF, que não abria nem fechava a porta a uma candidatura: “Nem a fecho [a porta a uma candidatura] nem a deixo aberta. Não estou aí. Estou a fazer o meu trabalho. O importante é discutir o que tem de ser discutido hoje, e não o que se vai passar daqui a uns meses”.
Ontem, Marcelo entrou no último ano de mandato, em autoisolamento por causa do Covid-19. O primeiro-ministro já o felicitou no Twitter pelo quarto ano de mandato e congratulou-se com o facto de os testes para o Covid-19 terem dado negativo.
No terreno para as presidenciais, Marcelo Rebelo de Sousa conta já com André Ventura, líder do Chega, como adversário.
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HOJE NO
"i"
João Cravinho
“Ana Gomes é um bem público que
deve perdurar além das presidenciais”
Antigo ministro e deputado do PS elogia “coragem para pôr os pontos nos ii” da ex-eurodeputada, mas lembra que não há indicações de que seja candidata nas próximas presidenciais.
Daqui a um ano inicia-se um novo mandato presidencial e João Cravinho dá conselhos sobre os argumentos a ponderar numa eventual candidatura a Belém: fazer um balanço no “conjunto das situações de pré-campanha, campanha e pós-campanha” para saber qual é a melhor maneira de Ana Gomes “acrescentar a sua própria capacidade, influência e conseguir situar-se num ponto mobilizador ao longo de todo o tempo, e não apenas num período de campanha para a Presidência”. O antigo parlamentar socialista insiste que “Ana Gomes tem uma grande capacidade e lucidez, e não só capacidade e lucidez. Tem também uma grande firmeza, uma grande determinação, uma coragem de pôr os pontos nos ii, de chamar a atenção para aspetos absolutamente básicos de transparência e de integridade na vida política. Esse papel que ela faz, fá-lo melhor que ninguém”.
Porém, lembra que até agora não há indicações de que queira ser candidata. No caso de o ser, “tem de procurar, evidentemente, o melhor resultado possível, e terá com certeza um resultado expressivo, mas é pouco provável que seja vencedora dessa luta política”.
Sem revelar se apoiará Ana Gomes caso ela venha a ser candidata, Cravinho admite, contudo, que tem a “obrigação de ser solidário, colaborante com quem promove, com eficácia, a descontaminação da vida política portuguesa”. E lembra que se esse dia chegar - o da candidatura -, a própria terá o cuidado de explicar o projeto, o “porquê” e “para quê” da decisão.
José Vera Jardim, outro antigo parlamentar socialista, sublinha que acredita em Ana Gomes quando diz que não pretende ser candidata. Num cenário contrário, “obviamente que será uma boa candidata.
Certo é que já há dois grupos de apoiantes na rede social Facebook a uma candidatura presidencial de Ana Gomes: um com 20 seguidores e outro com 248 membros - isto depois de o seu nome ter sido lançado pelo ex-colega de bancada no Parlamento Europeu Francisco Assis, ter tido o apoio do empresário Henrique Neto, do advogado e membro do partido Livre Ricardo Sá Fernandes, do fundador do Livre, Rui Tavares, do ex-deputado Paulo Trigo Pereira e do académico (mais alinhado à direita) Nuno Garoupa.
E a ideia de que Ana Gomes será candidata ganhou novamente lastro no comentário dominical, na SIC, de Marques Mendes, antigo líder do PSD. “Ana Gomes vai mesmo avançar. Acho que é bom para a eleição presidencial. (...) É apenas uma dor de cabeça para António Costa, como é uma dor de cabeça para o Bloco de Esquerda. Mas acho que para a eleição presidencial não é mau”.
Horas depois, a própria Ana Gomes veio responder a Marques Mendes, na SIC Notícias. A ex-eurodeputada considerou que se pode fazer “todo o tipo de especulações”, mas assegurou: “Não tenho essa ambição”. E insistiu que não vai desviar as suas atenções da intervenção cívica que vem desenvolvendo para um ato eleitoral que só ocorre dentro de dez meses. Contudo, mostrou-se “agradecida a quem a apoia por se identificar com as causas” que abraçou.
Na véspera, Ana Gomes tinha dito, numa entrevista ao DN e à TSF, que não abria nem fechava a porta a uma candidatura: “Nem a fecho [a porta a uma candidatura] nem a deixo aberta. Não estou aí. Estou a fazer o meu trabalho. O importante é discutir o que tem de ser discutido hoje, e não o que se vai passar daqui a uns meses”.
Ontem, Marcelo entrou no último ano de mandato, em autoisolamento por causa do Covid-19. O primeiro-ministro já o felicitou no Twitter pelo quarto ano de mandato e congratulou-se com o facto de os testes para o Covid-19 terem dado negativo.
No terreno para as presidenciais, Marcelo Rebelo de Sousa conta já com André Ventura, líder do Chega, como adversário.
* Embora consideremos que o primeiro mandato de Marcelo Rebelo de Sousa esteja a correr bem para os portugueses, ponderação, muita inteligência e incorruptibilidade, os pilares das suas acções políticas, não votaríamos nele para um novo mandato dada a sua subserviência incondicional à igreja católica que nos causa muita náusea.
Ficámos precipitadamente entusiasmados com uma possível candidatura de Ana Gomes à Presidência da República mas logo percebemos que seria um presente envenenado. O que nós desejamos é que se candidate à liderança do PS para ter hipótese de vir a ser primeira-ministra. Para António Costa seria uma felicidade se Ana Gomes quisesse ir para Belém.
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