19/02/2020

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HOJE NO
"RECORD"
Ataque a Alcochete: arguido chora, descreve passo a passo entrada na Academia e iliba Mustafá

Tiago Silva está a ser ouvido no Tribunal de Monsanto

O julgamento do ataque a Alcochete prossegue esta quarta-feira com a audição do arguido Tiago Silva, conhecido por Bocas, da parte da manhã, no Tribunal de Monsanto.

Tiago Silva começou por recordar o incidente na Madeira, onde viu o jogo com Fernando Mendes e atribuiu 'culpas' por algum excesso à poncha bebida.
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A CULPA É DA PONCHA
"No fim do jogo alguns jogadores foram agradecer o apoio, outros insultaram, como no caso do Acuña. Gerou-se uma grande revolta. Foi uma falta de respeito para quem acompanha o Sporting. Foi a frustração de uma época perdida", recorda Tiago Silva, continuando: "Fui ao aeroporto com o senhor Fernando Mendes. Ia com o objetivo de falar com os jogadores, para tentar perceber o porquê de terem tido essa atitude com os adeptos. Cheguei ao aeroporto, falo com o Rodrigo Battaglia. Não me dirigi ao Battaglia, ia dirigir-me ao Acuña, quanto o Battaglia me interceta e começa a falar comigo. Depois mais uma vez fui insultado por Battaglia e como estava lá PSP, continuou com insultos a dizer que não éramos ninguém, que éramos uns filhos da p... Nessa altura não disse nada, estava lá um agente da autoridade, fiquei sem reacção"

"Depois um spotter que estava lá intercetou-me. Depois veio o treinador Jorge Jesus que disse para sairmos dali, que estavam ali as câmaras de TV e que era mau para o Sporting. Depois diriji-me com Rui Patrício, William e Jorge Jesus para trás de uma loja para falar. Disseram-me que as coisas não se resolviam ali. E em frente às câmaras não se ganhava nada, pelo contrário. Depois iríamos falar", conta Tiago Silva.  "O Fernando [Mendes] acompanhou-me também, mas não me recordo se estava a falar com o Rui e com o William. O Fernando estava do meu lado esquerdo e eu estou a falar com o Batta. Depois nas imagens é que me apercebi que ele esta a falar com o Nélson", diz, passando depois a explicar os excessos.

"Na Madeira era poncha que corria mais forte... Claro que há sempre um excesso nessas deslocações, uma cidade nova, é sempre diferente. Copos a mais? Sim, uma poncha neste caso. Estava devastado com toda a situação, mais um ano sem conseguirmos nada."

Tiago Silva recorda também que ouviu pela primeira vez falar que estavam insatisfeitos e que queriam ir à Academia logo no dia 13, domingo. "E depois no dia 14 foi criado o grupo de Whatsapp", diz, explicando: "era a maneira mais fácil de comunicar do que a passar a palavra."

Segundo o arguido o "objetivo era ir dar um aperto aos jogadores". "Neste caso pedir justificação e apertar os jogadores para perceber o porquê de ter acontecido aquele fim de época e terem falhado os objetivos. E depois do aperto, o incentivo para o jogo da Taça de Portugal. Primeiro chamava-se à atenção e depois dava-se um incentivo para a final da Taça de Portugal".

"Claro que o plano não era bater em ninguém. Não faz qualquer sentido esse tipo de comportamento. Na altura só vivia para o Sporting e achei que estava no direito de fazer isso, de pedir justificações aos jogadores, de tentar perceber o que se passava porque só conseguia ver aquilo à minha frente", conta Tiago Silva que se emocionou, chegou mesmo a chorar a falar sobre o momento da Madeira: "Não foi justo, porque se ele batesse palmas eu ia-me embora e aceitava. E ali com o calor, com o excesso, acabei por sentir mais. Na altura achava no direito de contestar, vi cerca de 30 jogos, mais 8 no estrangeiro, dei tudo."

A entrada na Academia.
Tiago Silva começa a descrever o que aconteceu no dia do ataque à Academia. "Apanhei o Fernando e foi comigo. Depois apanhamos o Bruno Monteiro. Disse não batam nos jornalistas, vamos lá, vamos ao treino", confirmando que "estacionaram num parque de terra batida".

"No parque de terra batida saio do carro. Há uma pessoa que me agarra, que me pergunta se vai dar problemas, digo que não, não sei. Porque havia um grupo inicial a correr, já ia lançado uns metros e por isso também o porquê daquela pergunta, se aquilo ia dar problemas ou não", recorda.

"Depois vi esse grupo a correr, tentei correr atrás para dissuadir e tentar perceber porquê que estavam a entrar assim. A minha ideia era chegar lá e parar o treino. Fiquei surpreso pq vi um grupo a correr e eu não estava à espera. Pensava que íamos entrar de forma ordeira. Percebi que estavam tapados. Uns de capuz,  depois fui correr atrás para tentar perceber, sei lá dissuadir. Eu na minha cabeça ia lá parar o treino", diz.

"Tapei-me com capuz e óculos de sol. Sabia que não podia entrar sem autorizaçao. Tinha ido anteriormente e é preciso fazer pedido à porta", explica. 

"Quando páro o carro os outros já iam a correr. Aquilo ali foi um efeito surpresa. Foi tudo ao contrário", conta.

"Fui em direção do campo de treino. Depois desloco-me, vejo Jorge Jesus no campo, mas sabia que já tinham virado para a ala profissional. Depois continuei também, porque na altura fui sempre atrás para dissuadir e perceber, não conhecia todas as pessoas e depois acabo por entrar na ala profissional", explica Tiago Silva, que refere só se aperceber do arremesso de tochas "depois de ver as imagens".

"Entro pela porta de vidro, vejo o Manuel Fernandes. Nunca tinha ido àquele parte da academia. Virei à esquerda, deparo-me com Bas Dost, na altura já tinha caído e alguém já o tinha levantado. Continuo no corredor e viro à esquerda e entro no vestuário. Já está uma grande confusão, já tinha sido deflagrados engenhos pirotécnicos. Já havia fumo e muita gente dentro do balneário", descreve. "Estava muita confusão no balneário. Não sei se foi um pote de fumo ou uma tocha."

"Quando entro no balneário viro à esquerda, houve um grande avolumar de pessoas. Contorno o balneário, reparo no lado direito e vejo o Battaglia e naquele momento ia tentar perceber e fazer pedido de justificação. Naquele momento deixei-me levar. Vejo-o e fique com misto de sensações da Madeira. Depois fui atingido com uma geleira na cabeça, contorno e vejo Battaglia na zona das máquinas. Levo com a geleira na cabeça. Depois digo que isto já deu merda, vamos embora que isto vai trazer problemas", admite Tiago Silva, assegurando que Nuno Mendes (Mustafá) não teve conhecimento. "Não sabia que a gente ia, porque não foi uma visita oficial", diz

Arrependimento.
Tiago Silva volta a emocionar-se: "Consigo perceber que há vida para lá do sporting, consigo perceber o mal que fiz às vítimas, ao Sporting, o mal que fiz à Juve Leo".

"Foi preciso estar na prisão, ver um mundo novo e perceber que há vida para além daquilo, que há valores e princípios mais importantes. Sinto-me envergonhado, revoltado comigo mesmo, triste por ter feito mal aos jogadores, porque não mereciam esta situação, é uma situação condenável que nunca devia ter existido."

* Estamos deveras comovidos com o depoimento deste bárbaro piegas, além de que desconfiamos que já tilintam alvíssaras....

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