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Banco alimentar:
IN "OBSERVADOR"
03/12/19
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Banco alimentar:
a #RedeSocialReal no combate à
fome e as campanhas destrutivas
As redes sociais são um covil de notícias falsas, de maledicência e um
recetor dos ódios que muitos destilam. Este fim-de-semana alimentou-se
uma terrível e perigosa campanha contra o Banco Alimentar.
Este fim-de-semana realizou-se mais uma iniciativa do Banco
Alimentar. O Presidente Marcelo apareceu novamente a apoiar e dar
visibilidade a esta luta contra a pobreza. Os supermercados encheram-se
de voluntários e de pessoas de boa vontade. As redes sociais encheram-se
de mentiras e de mitos urbanos que tanto prejudicam a verdadeira
#RedeSocialReal.
O Inquérito às Condições de Vida e Rendimento,
realizado em 2019 pelo Instituto nacional de estatística (INE) sobre
rendimentos do ano anterior, indica que 21.6% da população estava em
risco de pobreza ou exclusão social. Nesse mesmo estudo do INE
verifica-se que a taxa de pobreza era de 43.4% e que descia para 17.2%
após benefícios sociais, sendo estabelecido um limiar de 6014 euros
líquidos anuais por adulto. Os números são assustadores, envergonham e
preocupam qualquer português. Os Bancos Alimentares são Instituições
Particulares de Solidariedade Social (IPSS) que lutam contra o
desperdício de produtos alimentares, encaminhando-os para distribuição
gratuita às pessoas carenciadas.
Há 25 anos que os Bancos Alimentares contra a fome fazem campanhas de
recolha de alimentos em supermercados para redistribuição de excedentes
e dádivas de produtos alimentares pelas IPSSs por si apoiadas e
selecionadas. No último fim-de-semana recolheram-se duas mil 130
toneladas de alimentos em mais de duas mil lojas em todo o país. Mais de
40 mil voluntários de todas as idades e de todas as crenças ajudaram
nessa recolha de alimentos.
O mérito desta tentativa de combate à
fome deve ser por todos reconhecido, tal como deve ser dado ao Banco
Alimentar o mérito de possibilitar que muitos se envolvam pela primeira
vez numa ação de voluntariado. Pelo país inteiro foram muitos os que se
mobilizaram para recolher alimentos e ajudar nos armazéns. Felizes por
colaborar, muitos conhecem a sensação de ser voluntario com a iniciativa
do Banco Alimentar. Este ano a campanha contou com a colaboração dos
clubes de futebol das ligas NOS e PRO e usou como mote o
#RedeSocialReal, sendo que os likes e partilhas nas redes sociais
passaram a constituir donativos.
Mas as redes sociais são também
um covil de notícias falsas, de maledicência e um recetor dos ódios que
muitos destilam. Este fim-de-semana alimentou-se uma terrível e perigosa
campanha contra o Banco Alimentar: uma mentira repetida corre o risco
de “passar” a uma “verdade” que nem o polígrafo consegue desmontar.
Há uma quantidade de mitos urbanos que envolvem:
- Armazéns cheios de produtos estragados;
- Beneficiários que deitam ao lixo produtos marca branca;
- Voluntários em Mercedes e BMWs a desviarem sacos de alimentos;
- Vantagens de alguns que se envolvem na causa, recebendo visibilidade e outros tipos de ganhos.
Mas a realidade é que:
- Na sexta-feira passada os armazéns estavam limpos, organizados e prontos para receber as dádivas;
- Se há beneficiários que deitam fora alimentos recolhidos pelo banco alimentar a culpa será das IPSS que são responsáveis pela redistribuição;
- Os voluntários mais visíveis podem e devem ter a sua vida profissional e empresarial fora da associação.
Não sou tão inocente para acreditar que tudo é perfeito: imagino
que infelizmente há pessoas (as “Raríssimas” deste Portugal) que tem
comportamentos impróprios; que as grandes superfícies lucram com a
iniciativa; que o iva não vai, pelo menos diretamente, para os
necessitados. Mas o errado não se deve sobrepor aos méritos do Banco
Alimentar. Deve haver transparência e todas outras iniciativas ou ideias
de combate à pobreza são bem-vindas. Li muitos comentários na linha do
“por isso não dou ao banco alimentar”, seguidas de comentários de ódio.
Vi pessoas a destratar jovens voluntários acusando-os de pertencer a um
bando de malfeitores. Quem quer e pode ajuda, quem não quer ou não pode
não necessita de dar argumentos para não o fazer.
Ao alimentarem-se mitos urbanos e fake news
prejudica-se toda uma organização de grande mérito. Nenhuma organização
da dimensão do banco alimentar é perfeita mas o caminho é contribuir
para a luta contra a fome e melhorar as condições de vida de quem
necessita. Uma #RedeSocialReal de boa vontade onde reina o prazer
genuíno de ajudar uma tão nobre causa.
IN "OBSERVADOR"
03/12/19
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