09/11/2019

VITOR RAÍNHO

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Direção da RTP gosta
 de esconder o Sexta às 9

O que se passa com a RTP é um caso de estudo para as melhores universidades do mundo.

O Parlamento, em 13 dias de legislatura, já citou mais vezes o programa Sexta às 9 do que a própria estação chamou a responsável pelo programa aos seus telejornais. Se não é um caso de estudo, o mundo está virado de pernas para o ar.

Mas vamos aos factos. O programa, que esteve suspenso cirurgicamente durante o período eleitoral, regressou em força com dois casos: os negócios de exploração de lítio – que estão sob investigação do Ministério Público

– e dos biorresíduos, entregue ao grupo Mota-Engil, entretanto revogado pelo ministro do Ambiente. Esta última notícia, que abriu todos os telejornais, não mereceu a comparência em estúdio de Sandra Felgueiras, a autora da peça. Na Assembleia da República, o PSD e o BE bem barafustaram contra os negócios, mas a direção de informação da RTP não entendeu ser uma mais-valia levar a sua jornalista a dar mais pormenores sobre o assunto. Talvez entendam ser preferível levar algum comentador simpático para o Governo a comentar os negócios obscuros.

Qualquer estação de televisão gosta de valorizar as suas informações e de lhes dar destaque. A_RTP, pelos vistos, parece ser obrigada a fazê-lo e só o faz a muito custo. É sabido que todos os Governos, seja qual for a sua cor, tentam influenciar a comunicação social, com especial relevo para a pública, mas esta direção de informação da RTP parece ter particular gosto em criar chatices ao Governo com as suas atitudes excessivas de proteção. É que dão muito nas vistas, e qualquer dia obrigará o Governo a tomar uma posição independente... Se o PSD e o BE estão unidos, embora de formas diferentes, neste apoio ao programa, o que se passará no futuro?

Sandra Felgueiras, a coordenadora e autora de várias peças do programa Sexta às 9, faz lembrar um palestiniano em Israel ou um israelita na Palestina. Num ambiente hostil e sempre debaixo de fogo.

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07/11/19

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