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IN "O JORNAL ECONÓMICO"
03/05/19
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Fiesta (O Sol nasce sempre)
Numa época em que o conhecimento foi substituído pela quantidade de informação, quando não desinformação, a verdadeira vitória é ter a capacidade de nos mantermos fieis aos nossos princípios.
(Resisto a escrever sobre a inusitada reacção de Trump ao cartoon
de António, não deixando de me espantar quanto à susceptibilidade de
uma alma que acha que pode escrever – ou lá o que ele faz – o que
quiser mas não aceita um exercício de humor bem menos violento do que
algumas das alarvidades que debita a um ritmo frenético. Também não me
vou, por ora, deter na subida da extrema-direita no país vizinho, certa
de que há erros que não precisam de ser repetidos e de que o populismo
nunca deu grandes frutos, a não ser para os seus ventríloquos.)
É
certo que o tema que trago passou ao lado da maior parte das pessoas,
inundados que estamos com notícias preocupantes por todo o mundo. Na
Faculdade de Direito de Lisboa, em plena campanha eleitoral para a
direcção da associação académica, da qual me orgulho de ter pertencido,
uns seres acharam por bem afixar uns cartazes clara e objectivamente
xenófobos, oferecendo “gratuitamente” pedras para serem atiradas a
“zucas”, entre outros mimos.
Não deixa de ser irónico que tal
tenha sucedido justamente no sítio onde se começa por aprender o
princípio da igualdade e da não discriminação. Do mesmo modo, importa
que se diga claramente que a AAFDL foi, muitas vezes, palco de grandes
disputas mas não há memória de um comportamento tão acintoso e tão
abjecto como o que agora ocorreu, sendo que o facto de ter ocorrido
durante período eleitoral não diminui a gravidade mas, antes, a
exponencia.
Não vale tudo. Nunca valeu tudo, mesmo nos momentos de
maior crispação. Quem não olha a meios para atingir fins não é digno
de, sequer, estar na corrida. E é preciso que se diga isto muito
claramente, sob pena de sermos cúmplices de um comportamento racista que
é indigno de um qualquer cidadão e, por maioria de razão, de estudantes
de Direito.
Hemingway escreveu, no título que dá origem a estas
linhas, “never be daunted”. Conseguir sobreviver tanto à intimidação
quanto às cantigas doces, ainda que sob a forma de pedradas, é o grande
exercício dos dias que correm. Numa época em que o conhecimento foi
substituído pela quantidade de informação (quando não mesmo de
verdadeira desinformação), a verdadeira vitória é, como já aqui escrevi,
ter a capacidade de nos mantermos fieis aos nossos princípios, sem
vacilar perante promessas de êxito fácil. De preferência, de pé. Porque o
sol, esse, nasce sempre e, quando as nuvens se dissipam, o que fica é o
que fomos capazes de fazer, sem batotas e sem demagogia barata.
(Foi,
também e sem sombra de dúvida, o caso do Sporting, com a recente
vitória no Futsal. No final, repita-se, o sol nasce sempre, mesmo quando
o caminho nos parece de trevas.)
IN "O JORNAL ECONÓMICO"
03/05/19
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