11/03/2019

SARA FERREIRA

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Olá, prazer 
em conhecer-me!

O bem-estar pessoal de cada um oscila muito de acordo com as situações e, principalmente, com o que sentimos em relação a cada uma delas. E pergunta você: o que é que faz com que umas pessoas sejam mais seguras de si, mais estáveis emocionalmente, enquanto outras se perdem ou desesperam quando algo lhes acontece? Nada mais, nada menos do que uma (ou melhor, duas?) palavrinhas: auto conhecimento. Este é o diferencial.

Aqui para nós, você conhece-se? Muito? Pouco? Assim-assim? A maioria das pessoas acredita que se conhece, mas é muito interessante notar que quanto mais se conhecem de si percebem que afinal não conheciam. O auto conhecimento é fundamental para desenvolver o amor por si mesma e fortalecer a sua auto estima. É muito difícil alguém conhecer-se interiormente quando a busca está sempre no exterior.
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Há pessoas para as quais a busca de um auto aperfeiçoamento passa mais pelos cuidados estéticos, como cuidar da pele, arranjar o cabelo, comprar roupas, carros, eliminar alguns quilinhos, mas nem por isso estão bem consigo mesmas. Porém, na génese de todas estas manifestações exteriores verificamos uma tentativa de busca interior. A questão é que quase sempre se esquecem que o caminho a percorrer não é tanto de fora para dentro, mas o inverso, ou seja, de dentro para fora.

Quando uma pessoa está bem com ela mesma percebe-se isso não pelas roupas que usa ou pelo carro que tem, mas pelo brilho no seu olhar. O sorriso no seu rosto. A paz no seu espírito. Se dorme mal todas as noites como pode sentir paz? Como é que é capaz de amar se está sempre a julgar, a criticar os outros, a cobrar-se e a culpar-se a si mesma? Amar-se e aceitar-se são as condições básicas para elevar a sua auto estima e o seu auto conhecimento.
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Que fatores estão a impedi-la de elevar a sua auto estima? E o seu auto conhecimento? Poderá perceber como estão os “índices” quer de um quer do outro. Quer saber? Por exemplo, tentando perceber se tem desenvolvido algumas características como insegurança…? Inadequação? Perfeccionismo, dúvidas constantes, incertezas sobre o que se é, de onde se veio e para onde se vai…? Sentimentos vagos acerca de muitas coisas… sensação de não ser capaz de…? De não conseguir realizar nada… de não se permitir errar. E também (adicione-se à lista!), e sobretudo, extrema necessidade de agradar, de ser aprovada, reconhecida pelo que faz (sendo que o que se “Faz” não diz tudo sobre o que se “É”).

Se reconhece em si algumas destas características, receio dizer-lhe que… a sua auto estima e o seu auto conhecimento precisam de levar um “uplift”! Então, proponho-lhe o seguinte pequeno exercício: numa folha de papel, escreva (sim, escreva mesmo) dez coisas que gosta em si mesma. A seguir, escreva (é para escrever…) dez coisas que não gosta em si mesma e/ou que gostaria de mudar. Ok? Já está? Muito bem. Agora responda: que lista foi a mais fácil de completar? Por incrível que pareça, a maior parte das pessoas sente mais facilidade em identificar as coisas positivas. E crescemos num meio cultural que nos “ensina” que dizer aquilo de que gostamos ou as coisas que valorizamos em nós mesmos poderá ser rotulado de presunçoso, snob ou arrogante…
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Mas voltemos ao nosso pequeno exercício. Observe as duas listas. Coloque um “i” nas características internas, isto é, naquelas que dependem apenas e só de si mesmo em reconhecê-las. E um “e” nas características externas, ou seja, as que dependem da opinião das outras pessoas. Ao assinalar estes “i” e “e”, o que percebe? Há equilíbrio entre eles ou você tende mais para um lado? Se for do tipo de pessoa que tem mais características externas, bom, eventualmente ficará mais vulnerável à opinião alheia e, assim, mais facilmente manipulável. Dependerá sempre de aprovação dos outros, mas isso nem sempre segue a par e passo com a sua própria aprovação de si mesma. O seu valor pessoal estará sempre na dependência do que os outros possam ou não dizer a seu respeito. E isso diminuirá a sua auto estima e, por consequência, a sua força e auto conhecimento. E é claro de ver que isso contribuirá para sentir-se incapaz de continuar o seu caminho, desistindo a meio. Abandonando sonhos, objetivos e anos de vida!

O auto conhecimento pressupõe uma boa dose de consciência sobre si próprio. Tanto nos aspetos negativos como positivos, e o problema está quando entramos em ciclos viciosos. Há padrões de comportamento que herdamos, sejam dos pais, dos avós e da própria cultura, que nos impedem de verdadeiramente olhar para nós mesmos e encontrar um sentido pessoal. A resposta para a pergunta que a maioria de nós tem na mente: porque estamos vivas?!
Psicóloga, Psicoterapeuta
IN "DELAS"
 01/02/19



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