.
HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
O rosto da indústria 4.0 em Portugal
.morreu aos 43 anos
.morreu aos 43 anos
O “homem das start-ups”, o
impulsionador da Web Summit em Lisboa, o rosto da indústria 4.0 em
Portugal. João Vasconcelos deixou marcas digitais profundas na economia
nacional em menos de dois anos de passagem pelo Governo.
"Tenho 41 anos, estou a meio da minha vida e agora quero dedicar-me mais
à minha família", escrevia João Vasconcelos no Facebook, em 10 de julho
de 2017, dia seguinte à sua saída do Governo. Morreu esta segunda-feira
à noite, aos 43, vítima de ataque cardíaco. Na rede social,
descrevia-se como "father and son". João Vasconcelos tinha dois filhos.
Nos últimos tempos, tinha assumido a liderança do Conselho Consultivo
da Flash, empresa de trotinetas elétricas de Lisboa, era o mentor no
programa Techstars e tinha criado o "Conselho", um "think tank com os 50
CEO portugueses mais relevantes, que pretendia discutir as novas
dinâmicas do setor industrial e o futuro da economia portuguesa".
Leal
à sua matriz inspiradora, também "trabalhava de perto com várias
‘start-ups’ europeias e empresas de tecnologia", como se lia na sua
página no LinkedIn.
Antes, em apenas 20 meses de passagem
pelo executivo de António Costa, ganhou uma espécie de cognome - "o
empreendedor do Governo". Também ficou conhecido como "O homem das
start-ups", o grande obreiro da Web Summit em Portugal e até "o rosto"
da indústria 4.0, sendo-lhe reconhecido um papel fulcral na aproximação
das indústrias tradicionais portuguesas ao universo digital.
"O
João Vasconcelos era um ser único, um espécime raro", realça, ao
Negócios, João Miranda, CEO da multinacional portuguesa Frulact.
Para
este empresário, líder de uma das maiores fabricantes mundiais de
preparados à base de fruta para a indústria alimentar, o antigo
secretário de Estado da Indústria era "visionário, inspirador e
contagiante", mas também "informal e caloroso na relação",
classificando-o como "a esperança viva da nova geração de
empreendedores".
"Desde o ‘shop floor’ na indústria até às
micro empresas das tecnologias mais emergentes, era tido como o mentor e
o ‘sponsor’, tinha sempre uma palavra de entusiasmo, ou uma mão sempre
estendida para as oportunidades de ‘networking’", relembra João Miranda.
Vasconcelos
morreu, "mas o país e o universo empresarial português irão, durante as
próximas décadas, continuar a retirar dividendos do seu legado",
considera o CEO da Frulact.
O presidente da República
também destacou a participação do antigo governante em iniciativas "a
favor da inovação e do empreendedorismo moderno", enquanto Paddy
Cosgrave, fundador e presidente da Web Summit, que chamava Vasconcelos
como "o ministro das start-ups", afirmou que este era "apaixonado por
start-ups e por Portugal".
"Galpgate" determinou a sua saída do Governo
Militante
socialista, Vasconcelos saiu do Governo após ser constituído arguido
pelo Ministério Público no processo que investigava o pagamento pela
Galp Energia de viagens, refeições e bilhetes para diversos jogos da
seleção nacional no Campeonato Europeu de Futebol de 2016, o qual acabou
por ser arquivado.
Diretor executivo da Startup Lisboa -
Associação para a Inovação e Empreendedorismo de Lisboa, de 2011 até
2015, foi responsável pelo LIDE Empreendedorismo, associação com foco na
promoção da sustentabilidade e responsabilidade social nos negócios e
nas empresas.
Entre 2005 e 2011, foi adjunto e assessor do
gabinete do então primeiro-ministro, José Sócrates, com
responsabilidade na área dos assuntos regionais e economia, tendo nos
seis anos anteriores ocupado o cargo de vice-presidente da Associação
Nacional de Jovens Empresários (ANJE).
.
João Vasconcelos
administrou também diversas empresas familiares nos setores do turismo e
serviços, tendo ainda sido mentor de vários programas de aceleração
empresarial, nomeadamente o Startup Pirates, Founder Institute, Lisbon
Challenge e Seedcamp.
"Quanto mais tempo passamos online mais valorizamos tudo o que é offline"
Nascido
em Leiria, em setembro de 1975, ia lá voltar na próxima semana,
anunciou o próprio naquele que foi o seu último "post" no Facebook.
"Tudo
a Leiria dia 3", convocava João Vasconcelos. O ex-secretário de Estado
da Indústria tinha aceitado apresentar no dia 3 e abril, na Fnac de
Leiria, o livro "Binómio Tecnologia & Sustentabilidade – 7 Lições em
Portugal e na Europa", da autoria de Diogo Almeida Alves e Pedro Matias
Antes
deste, num outro "post", publicado ao final da manhã deste domingo,
depois de passar em revista a sua atividade nas redes sociais em 2019 -
"Facebook - o que mais faço são ‘likes’ e cada vez menos", João
Vasconcelos impelia todos quantos o seguiam a deixarem o ecrã e a
emocionarem-se com a vida real.
"Quanto mais tempo
passamos online mais valorizamos tudo o que é offline, a natureza, as
emoções, a arte, a cultura, a manufatura, tudo o que nos transmite
sentimento. Bom domingo, aproveitem o digital e usem-no como ferramenta
para valorizar o analógico. Agora, vou passear que está um dia
fabuloso", lê-se no seu post de domingo. Eram 11h42 e estava sol.
* Uma grande perda para este pequeno país pois João Vasconcelos pensava e agia em grande.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário