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* SECRETÁRIO-GERAL DA ONU
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
16/03/19
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Alterações climáticas: vamos
ouvir os jovens do mundo
Estudantes saíram à rua para alertar os líderes mundiais para emergência climática, pelas nossas vidas.
Dezenas de milhares de jovens foram nesta sexta-feira às ruas com uma
clara mensagem para os líderes mundiais: atuem agora para salvar o nosso
planeta e o nosso futuro da emergência climática. Estes estudantes
aprenderam algo que muitas pessoas mais velhas parecem não entender:
estamos a correr em contrarrelógio pelas nossas vidas e estamos a
perder. A janela de oportunidade está a fechar-se e não nos podemos dar
ao luxo de perder mais tempo. Atrasar a ação climática é quase tão
perigoso quanto negar a existência de alterações no clima.
A minha
geração não conseguiu responder adequadamente ao dramático desafio das
alterações climáticas e tal é profundamente sentido pelos jovens. Não
admira que estejam zangados.
Apesar de se falar do problema há
muitos anos, as emissões globais estão a bater níveis recordes e não
mostram sinais de terem atingido o seu pico. A concentração de dióxido
de carbono na atmosfera é a mais alta em três milhões de anos. Os
últimos quatro anos foram os mais quentes alguma vez registados e as
temperaturas no inverno no Ártico avançaram 3 °C desde 1990. O nível do
mar está a subir, os recifes de corais estão a morrer e começamos a ver o
impacto das alterações climáticas na saúde, através da poluição do ar,
das ondas de calor e dos riscos para a segurança alimentar.
Felizmente, temos o Acordo de Paris, um instrumento político
visionário, viável e voltado para o futuro que define exatamente o que
deve ser feito para travar as perturbações do clima e reverter os seus
impactos. No entanto, o acordo em si é inútil caso não haja uma ação
ambiciosa.
Por isso, vou reunir os líderes mundiais numa
Conferência sobre Ação Climática no final deste ano. Convocarei todos a
virem a Nova Iorque, em setembro, com planos concretos e realistas para
aumentarem as suas contribuições nacionais até 2020, em linha com o
objetivo de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 45% na
próxima década e eliminá-las em 2050.
A conferência reunirá
governos, setor privado, sociedade civil, autoridades locais e outras
organizações internacionais para desenvolver soluções ambiciosas em seis
áreas: energias renováveis, redução de emissões, infraestruturas
sustentáveis, agricultura e gestão sustentável de florestas e oceanos,
combate aos impactos climáticos e investimento na economia verde.
Os
estudos mais recentes mostram que se agirmos agora podemos reduzir as
emissões de carbono em 12 anos e limitar o aquecimento global em 1,5 °C.
Contudo, se continuarmos pelo mesmo caminho, as consequências são
imprevisíveis.
Embora a ação climática seja de importância extrema
para combater uma ameaça existencial, também implica custos. Por isso,
os planos de ação não devem criar vencedores e perdedores, nem aumentar a
desigualdade económica, devem ser equitativos e criar novas
oportunidades para aqueles que são impactados negativamente, no contexto
de uma transição justa.
As empresas estão do nosso lado. Acelerar
soluções climáticas pode fortalecer as nossas economias e criar
empregos, ao mesmo tempo que proporcionam um ar mais limpo, preservam os
habitats naturais, a biodiversidade e protegem o meio ambiente.
As
novas tecnologias e as soluções de engenharia já estão a fornecer
energia a um custo menor do que a economia movida a combustíveis
fósseis. A energia solar e a energia eólica onshore são já as
fontes mais baratas das transações de energia em praticamente todas as
principais economias. Contudo, devemos pôr em marcha uma mudança
radical.
Para tal, é necessário eliminar os subsídios a
combustíveis fósseis e a atividades agrícolas com elevados níveis de
emissões e optar por energias renováveis, veículos elétricos e práticas
que respeitem o clima. Os preços do carbono devem ser fixados de forma a
refletirem o verdadeiro custo das emissões, desde o risco climático aos
perigos que implicam para a saúde, provocados pela poluição do ar.
Também é importante acelerar o encerramento das centrais a carvão e
substituir esses postos de trabalho por alternativas mais saudáveis,
para que a transformação seja justa, inclusiva e lucrativa.
O
momento está em erupção, as pessoas estão atentas e há agora uma nova
determinação em cumprir a promessa do Acordo de Paris. A Cimeira do
Clima deve ser o ponto de partida para construir o futuro de que
necessitamos.
Termino com uma mensagem para as raparigas e os
rapazes que se manifestaram nesta semana. Eu sei que os jovens podem e
mudam o mundo.
Hoje, muitos de vocês estão ansiosos e com medo do
futuro, e eu entendo as vossas preocupações e raiva. No entanto, sei
também que a humanidade é capaz de enormes conquistas. As vossas vozes
dão-me esperança.
Quanto mais me apercebo do vosso compromisso e
ativismo, mais confiança tenho de que vamos ganhar. Juntos, com a vossa
ajuda e graças aos vossos esforços, podemos e devemos superar esta
ameaça e criar um mundo mais limpo, mais seguro e mais verde para todos.
* SECRETÁRIO-GERAL DA ONU
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
16/03/19
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