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Estaremos mesmo preocupados?
Medidas para combater desertificação e decréscimo demográfico, só com mudanças profundas em muitas áreas e no orçamento
Há uma discussão em torno da desertificação das zonas rurais e do decréscimo demográfico que subsiste há anos na Madeira.
Se,
no passado, o argumento se prendia com o facto de muitas delas estarem
demasiado afastadas dos centros urbanos, nos dias de hoje, com a aposta
nas estradas, essa justificação parece fazer pouco sentido. Então, o que
se passa realmente? Dei comigo a pensar no assunto.
A verdade é
que, quando escolhemos num local para viver ou para “alargar” a família,
pensamos exatamente no “conforto” que ela poderá ter e os filhos
assumem uma prioridade.
Como são escolas, horários, atividade,
qualidade docente, centros de saúde, serviços de urgência, existência de
farmácia, supermercado ou, no mínimo, mercearia, segurança, meios de
transporte para eventuais empregos, conciliação da assistência aos
menores com o emprego... Acho que, de uma forma geral, estaremos todos
de acordo que são estas, entre outras, as principais premissas.
Alguns
concelhos começaram a dar “prémios” monetários por cada criança
nascida, aos estudantes na universidade, em livros escolares, mas a
verdade é que cada vez mais notamos que parece que este é um problema
que não terá solução, não deixando, contudo, de serem importantes
ajudas.
Temos de ser honestos, qualquer pessoa consciente não irá
ter mais filhos apenas porque receberá x€ no seu nascimento, 50€ por
mês quando a criança for para universidade ou mesmo a promessa de
manuais escolares, porque criar um filho implica muito, mas muitooooo,
mais que isso.
Dando um exemplo prático, de uma realidade que
conheço, para que todos percebam: como poderá alguém, que tem ou quer
ter filhos, pensar em viver na Ponta do Pargo quando a sua pequena
escola, toda arranjandinha e equipada e de excelente qualidade, tem
turmas unificadas com dois níveis de ensino?
O mesmo acontece com
a Fajã da Ovelha e o Paul do Mar. Os alunos do 1.º ano têm as aulas
juntas com os do segundo, e os do terceiro com os do quarto.
Conseguem
imaginar o trabalho titânico destes professores, a tentarem dar
resposta às motivações e anseios numa sala de meninos com necessidades
tão diferentes. Poderão dizer que a turma é pequenina; mas estas
crianças não merecem ter exatamente as mesmas condições de ensino/
aprendizagem de outras crianças? Deverão apenas representar números para
se estabelecer rácios?
Ora, é aqui que considero que os governos
deveriam dar o primeiro passo em prol de uma educação básica de
qualidade, aquela que todos apregoam: independentemente do número de
crianças, todas as escolas deveriam ter um professor para cada nível de
ensino e existem escolas que, pela sua situação geográfica e importância
social, não podem deixar de existir.
Já alguém pensou no horário de funcionamento das escolas públicas, tendo em conta as exigências aos pais do mercado de trabalho.
Como
poderá um(a) pai/mãe que sai do trabalho às 6h da tarde do Funchal (por
exemplo) chegar à escola da Fajã da Ovelha, ou Ponta do Pargo, a horas
de ir buscar os seus filhos? Aqui, é claramente impossível.
Alguém
pensou numa hora extra com atividades livres, assegurada por
monitores/auxiliares de educação (ou outra solução) que permitisse aos
pais, que trabalham até um pouco mais tarde (e em exclusivo para estes
de forma comprovada) terem menos stress diário, tendo em conta as
odisseias que muitas vezes tem de fazer, para assegurar que os filhos
saem da escola a horas?
Nem vou falar de legislação e, acima de
tudo, do cumprimento das entidades patronais dos direitos dos
trabalhadores com filhos, porque isso daria várias páginas de DIÁRIO...
Alguém,
do governo regional e/ou das autarquias, se deu ao trabalho de
verificar todos os horários dos transportes públicos nas zonas rurais,
cujas empresas recebem milhares do erário publico para assegurarem o
serviço público? Façam isso por favor e verão a vergonha.
Medidas
para combater esta situação da desertificação e decréscimo demográfico,
só com mudanças profundas em muitas áreas e no orçamento, e
infelizmente essas não dão votos, porque os resultados só são aferíveis a
médio/longo prazo.
P.S - Sobre a política partidária na RAM,
leia-se: em todos os partidos, ando com alguma dificuldade em
classificar algumas situações. Talvez me possam ajudar. Como apelidar
pessoas que se fartaram de dizer mal pessoalmente, politicamente e
profissionalmente de alguém e depois aceitam cargos (políticos e /ou
executivos) desse mesmo alguém?
P.S.1 - Não consigo deixar de
insistir: políticos acordem! Mudem a lei. Quantas mulheres e crianças
terão de morrer? Quantas crianças e mulheres mais, terão de ser
violadas, violentadas, espancadas...? Neste momento, são os políticos
que tem as mãos manchadas de sangue, por nada fazerem. Discute-se tanto
tema na Assembleia da República e será que não há uma “alma” que
considere este tema prioritário? Sobre a violência doméstica, leiam as
várias notícias todos os dias que vêm a público e releiam o artigo de
opinião de Adelino Camacho, coordenador Regional da ASSP/PSP, aqui no DN
sobre este tema.
P.S.2 - Sendo o último artigo de 2018, desejo a
todos os Madeirenses e Porto-santenses um Feliz Natal e excelentes
entradas em 2019.
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS DA MADEIRA"
09/12/18
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