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HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
As oito reivindicações dos "coletes amarelos" portugueses
Inspiram-se no exemplo francês, garantem que são apartidários e pacíficos e exigem mudanças em áreas que vão desde o valor do salário mínimo nacional ao combate à corrupção. Esta sexta-feira, querem parar Portugal desde as 07h00.
As redes sociais, principalmente o Facebook e o WhatsApp, foram a plataforma usada por grupos de cidadãos de todo o País para criarem um movimento inspirado nos "coletes amarelos" de França. As várias manifestações, debaixo da bandeira "Vamos Parar Portugal", começam logo às 07h00 desta sexta-feira e já colocaram as autoridades em alerta, com a PSP a suspender folgas para reforçar a prevenção em todo o País, refere a Sábado.
Os
organizadores garantem que são um grupo pacífico, que pretende alertar
para os problemas do País. E divulgaram uma missiva que apresenta as
suas oito reivindicações, onde exigem aumentos em várias áreas e também
combate à corrupção.
No
comunicado divulgado nas redes sociais, o Movimento dos Coletes
Amarelos Portugal define-se como "pacífico, apartidário, sem fins
lucrativos, de união e apoio a todos os grupos e indivíduos" que estejam
"insatisfeitos com os variados problemas de actualidade" do País. Mais,
esperam que estes grupos estejam "dispostos a protestar até que os
mesmos [problemas] estejam resolvidos".
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E que problemas são esses? No topo das exigências aparece a redução de taxas e impostos, como o IVA e o IRC,
o "fim do imposto sobre produtos petrolíferos" (ISP) e "a redução para
metade do IVA sobre combustíveis e gás natural". O MCAP pretende ainda a
"redução das taxas sobre a electricidade, com incidência sobre as taxas
de audiovisual e de emissão de dióxido de carbono". Neste primeiro
ponto, exigem também a "concessão de incentivos, fiscais e outros, para
as micro e pequenas empresas poderem pagar, com a correspondente taxação
às grandes empresas e multinacionais, com base na sua margem de lucro.
No segundo ponto, é defendido o aumento do salário mínimo nacional
para os 700 euros, sendo que a solução apresentada para sustentar esse
valor é um "corte nas pensões acima de 2 mil euros." Um novo corte nas
pensões, desta vez nas "milionárias acima de 5 mil euros", como o
movimento as apelida, é a sugestão dada para atingir outro objectivo: o
aumento do valor do subsídio de emprego e do seu tempo de duração.
No quarto ponto, surgem as alterações às pensões e reformas.
O movimento exige que a pensão mínima suba para os 500 euros, voltando a
defender que o meio para atingir o referido fim são os cortes nas
pensões já antes referidas e de valores elevados. Neste caso, também a
actividade política fica na pira do MCAP: "reforma para os políticos aos
66 anos de idade como, aliás, o restante dos portugueses, atento [sic] à
premissa que ‘a política não é uma carreira’" e "fim imediato/corte das
subvenções vitalícias para políticos".
No quinto ponto,
aparece uma das "bandeiras" do movimento, que exige a adopção "imediata
de medidas visíveis e expressas de combate contra a corrupção no Governo,
na Administração Pública, nos serviços públicos" e nos sectores
"empresarial e bancário". Segundo as contas do MCAP, as consequências da
actividade criminosa económico-financeira custam "18 mil milhões de
euros aos contribuintes" por ano. Deste modo, defendem a "criação de
Código Penal mais rigoroso" e a criação de "unidades especializadas
independentes na prevenção e combate à corrupção".
A
actividade política é novamente escrutinada, defendendo-se que os
políticos se passem a reformar aos 66 anos, que se reduza o número de deputados
na Assembleia da República e que se adoptem "sistemas
biométricos/leitura óptica/etc para registo de assiduidade/presença no
Parlamento", numa alusão aos recentes casos de parlamentares com
presenças-fantasma em plenário.
Além disso, este grupo de
cidadãos quer também que haja uma averiguação imediata dos casos das
"falsas moradas dos deputados com obrigação de reembolso". "Acabar com
as mordomias de toda a classe política portuguesa" é o tópico que fecha o
combate à corrupção.
O Serviço Nacional de Saúde
também entra na lista de preocupações dos "coletes amarelos"
portugueses, que consideram que este "não consegue, actualmente, prestar
um serviço de qualidade, uma vez que é completamente manipulados pelos
lobbies da indústria farmacêutica e da clínica privada". Ainda assim, o
movimento assume que se trata de um problema "profundamente enraizado no
sistema económico global". Na sua missiva, os "coletes" pedem o fim da
"prática antagónica existente entre as necessidades do doente e os
lucros da indústria farmacêutica, entre o valor de uso e o valor de
troca dos medicamentos, face ao poder de compra dos portugueses". O
movimento deseja que, estas medidas, ajudem a "impedir o enriquecimento
pessoal de políticos que servem os interesses da indústria
farmacêutica".
O MCAP acusa "os sucessivos governos incompetentes" de terem
destruído os sectores primário e secundário, "importantes pilares da
Nação." Para o sector primário, defendem-se condições para que "a
produção e exportação das matérias-primas passem a ter um valor
agregado", como acontece por exemplo os produtos industrializados, "com o
devido controlo da qualidade de produção, através da exploração de
verdadeiros recursos da natureza."
No caso do sector
secundário, o MCAP lembra que "países com um bom grau de desenvolvimento
possuem uma significativa base económica concentrada no sector
secundário", como tal, a exportação destes produtos "também poderá gerar
riqueza para a indústria nacional".
O caderno de reivindicações fecha com medidas referentes ao direito à habitação
e à luta pelo fim da crise imobiliária. O grupo quer "acabar com a
especulação imobiliária" e reverter a penhora de imóveis, por parte da
banca, "a famílias com rendimentos abaixo dos 10 mil euros por ano".
* Conhecemos demagogos menos imbecis. Um brinde à direita organizada deste país.
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