14/07/2018

CRISTINA COSTA E SILVA

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As dores de crescimento
e a Lei de Murphy

A tal da Lei de Murphy é tramada. Diz o conhecido adágio que “qualquer coisa que possa ocorrer mal, ocorrerá mal, no pior momento possível”.

A Tap devia utilizar este como o seu lema, tipo slogan de Verão, mas também de inverno, de primavera e de outono. Dores de crescimento, diz o ministro. Vá lá que é mais fácil mudar o governo do que a Tap e se qualquer governo, seja ele de onde for, estiver a demorar muito com as dores de crescimento, o povo pode mandá-lo crescer para outro lado. Agora a Tap é mais difícil mandar passear. Não lembra a ninguém que uma companhia a caminho dos 80 anos ande a ter dores de crescimento. Dores temos nós, o povo, que espera e desespera cinco horas numa fila para ser atendido. Dores tiveram as crianças com menos de dez anos que, desamparadas, em vários voos durante vários dias, não puderam, por um lado, sair da Madeira a horas, perdendo atividades programadas no continente. E por outro, no regresso, ao chegar aos aeroportos de Lisboa e Porto, desejosas de voltar para os pais, foram obrigadas a ir dormir para quartos de recurso arranjados pelos professores. Dores de crescimento uma ova.

O problema é da ANA, diz a Tap e a concessionária responde que não tem nada com o assunto. Quem planeia os horários são as companhias. Quem nos manda a nós viver numa ilha? Com tanto terreno plano no Alentejo para fazer cidades, quem é que se lembrou de viver aqui? Até ficava perto do aeroporto de Beja, à espera que se lembrem dele para operar com as “lowcost”. Mas nessa altura, não precisamos de Aeroporto, estamos do lado de lá, com autoestradas, comboios e autocarros do Barbosa do Barraqueiro, o homem que comprou a TAP mas que fica só com os lucros. Os prejuízos, paga o governo. Um negócio feito, certamente, em plena fase de dores de crescimento. Mas de cérebro.

Todos os dias temos voos cancelados ou atrasados. Ainda esta segunda-feira quando o Marítimo ia embarcar, soube que o voo estava atrasado. Bem feito. Se ia para o Algarve, fosse de Armas e até levava as carrinhas, cozinheiro e fogão industrial para os piqueniques. A malta anda anos a gritar pelo Armas e depois mete-se na boca do lobo, perdão, da Tap, a caminho do continente. Adiassem um dia o início do estágio. Marcar treinos para a tarde do dia em que se viaja é coisa de amadores. Se fossem no Armas tinham espaço para treinar no navio, o plantel a dar umas corridinhas e fazer uma peladinha com os outros passageiros até era animador. Já agora, que já sabem o calendário da I Liga, marquem as viagens com antecedência, pois o nevoeiro da Choupana não vai ser o único culpado de adiamentos de jogos nos próximos meses.

IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS DA MADEIRA"
10/07/18

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