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As dores de crescimento
e a Lei de Murphy
A
tal da Lei de Murphy é tramada. Diz o conhecido adágio que “qualquer
coisa que possa ocorrer mal, ocorrerá mal, no pior momento possível”.
A
Tap devia utilizar este como o seu lema, tipo slogan de Verão, mas
também de inverno, de primavera e de outono. Dores de crescimento, diz o
ministro. Vá lá que é mais fácil mudar o governo do que a Tap e se
qualquer governo, seja ele de onde for, estiver a demorar muito com as
dores de crescimento, o povo pode mandá-lo crescer para outro lado.
Agora a Tap é mais difícil mandar passear. Não lembra a ninguém que uma
companhia a caminho dos 80 anos ande a ter dores de crescimento. Dores
temos nós, o povo, que espera e desespera cinco horas numa fila para ser
atendido. Dores tiveram as crianças com menos de dez anos que,
desamparadas, em vários voos durante vários dias, não puderam, por um
lado, sair da Madeira a horas, perdendo atividades programadas no
continente. E por outro, no regresso, ao chegar aos aeroportos de Lisboa
e Porto, desejosas de voltar para os pais, foram obrigadas a ir dormir
para quartos de recurso arranjados pelos professores. Dores de
crescimento uma ova.
O problema é da ANA, diz a Tap e a
concessionária responde que não tem nada com o assunto. Quem planeia os
horários são as companhias. Quem nos manda a nós viver numa ilha? Com
tanto terreno plano no Alentejo para fazer cidades, quem é que se
lembrou de viver aqui? Até ficava perto do aeroporto de Beja, à espera
que se lembrem dele para operar com as “lowcost”. Mas nessa altura, não
precisamos de Aeroporto, estamos do lado de lá, com autoestradas,
comboios e autocarros do Barbosa do Barraqueiro, o homem que comprou a
TAP mas que fica só com os lucros. Os prejuízos, paga o governo. Um
negócio feito, certamente, em plena fase de dores de crescimento. Mas de
cérebro.
Todos os dias temos voos cancelados ou atrasados. Ainda
esta segunda-feira quando o Marítimo ia embarcar, soube que o voo
estava atrasado. Bem feito. Se ia para o Algarve, fosse de Armas e até
levava as carrinhas, cozinheiro e fogão industrial para os piqueniques. A
malta anda anos a gritar pelo Armas e depois mete-se na boca do lobo,
perdão, da Tap, a caminho do continente. Adiassem um dia o início do
estágio. Marcar treinos para a tarde do dia em que se viaja é coisa de
amadores. Se fossem no Armas tinham espaço para treinar no navio, o
plantel a dar umas corridinhas e fazer uma peladinha com os outros
passageiros até era animador. Já agora, que já sabem o calendário da I
Liga, marquem as viagens com antecedência, pois o nevoeiro da Choupana
não vai ser o único culpado de adiamentos de jogos nos próximos meses.
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS DA MADEIRA"
10/07/18
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