10/07/2018

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HOJE NO 
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
Mulheres do mundo árabe 
discutem condições e obstáculos 
.da afirmação política

Dezenas de deputadas, vereadoras, altas funcionárias estatais e defensoras dos direitos da mulher no mundo árabe começaram hoje a analisar na capital marroquina os desafios culturais, legislativos e económicos que travam a sua participação política.

Estas dirigentes reúnem-se a partir de hoje em uma conferência organizada pelo governo de Marrocos e pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) para analisar a liderança feminina e a participação política da mulher na Jordânia e Egito e nos magrebinos Tunísia e Marrocos, com um foco especial na situação no mundo rural. 
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Para a diretora de programas no Centro palestiniano da Mulher para Consultas Jurídicas e Sociais, Amal Abusrour, "a mulher rural árabe sofre de uma discriminação dupla: a exclusão devia ao sistema patriarcal e a habitual desigualdade de oportunidades nas zonas rurais".

A mesma responsável acrescentou, em declarações à agência Efe, que a cultura conservadora, a falta de incentivos legais (como as quotas destinadas às mulheres nos órgãos eleitos) e a instabilidade política que limitam a participação da mulher palestiniana.

Além das defensoras dos direitos da mulher, foram também ouvidos testemunhos de mulheres procedentes de comunidades conservadores distantes das cidades e que a cederam a cargos políticos de relevo.

A presidente da Câmara de Jebeniana, no leste da Tunísia, com cinco mil habitantes, Jouda Zghidi, assegurou que chegou a ganhar as eleições graças às disposições da legislação do seu país, que lhe permitiu encabeçar a sua lista eleitoral.

Na Tunísia, a lei eleitoral, recordou Zghidi, impõe aos partidos políticos que a metade das suas listas de candidatos às diferentes eleições seja dirigida por mulheres.

Este privilégio legislativo é contudo insuficiente para a autarca, apesar de ser importante para ganhar a confiança da sociedade. Assim, explicou que conseguiu ter o apoio dos eleitores devido ao seu trabalho como professora do ensino secundário, que lhe permitiu ganhar a confiança dos pais dos seus alunos.

Reconheceu que, como autarca, encontra dificuldades para compatibilizar o seu cargo político, a sua profissão e o seu papel tradicional como dona de casa, e queixou-se da falta de meios e experiência para convencer mais mulheres a participar na gestão dos assuntos públicos.

Sobre a presença de mulheres no poder legislativo, por exemplo, são as tunisinas que mais lugares ocupam nos parlamentos dos respetivos países, com 34%, seguidas pelas marroquinas (mais de 20%), jordanas (15,4%) e egípcias, com 14,9%.

* Estas mulheres lutadoras são uma lufada de ar fresco na tromba do machismo medieval árabe em pleno século XXI.

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