HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
Mulheres do mundo árabe
discutem condições e obstáculos
.da afirmação política
Dezenas de deputadas, vereadoras, altas funcionárias estatais e defensoras dos direitos da mulher no mundo árabe começaram hoje a analisar na capital marroquina os desafios culturais, legislativos e económicos que travam a sua participação política.
Estas dirigentes reúnem-se a partir de hoje em uma conferência
organizada pelo governo de Marrocos e pela Organização para a Cooperação
e o Desenvolvimento Económico (OCDE) para analisar a liderança feminina
e a participação política da mulher na Jordânia e Egito e nos
magrebinos Tunísia e Marrocos, com um foco especial na situação no mundo
rural.
.
Para a diretora de programas no Centro palestiniano da
Mulher para Consultas Jurídicas e Sociais, Amal Abusrour, "a mulher
rural árabe sofre de uma discriminação dupla: a exclusão devia ao
sistema patriarcal e a habitual desigualdade de oportunidades nas zonas
rurais".
A mesma responsável acrescentou, em declarações à
agência Efe, que a cultura conservadora, a falta de incentivos legais
(como as quotas destinadas às mulheres nos órgãos eleitos) e a
instabilidade política que limitam a participação da mulher
palestiniana.
Além das defensoras dos direitos da mulher, foram também ouvidos
testemunhos de mulheres procedentes de comunidades conservadores
distantes das cidades e que a cederam a cargos políticos de relevo.
A
presidente da Câmara de Jebeniana, no leste da Tunísia, com cinco mil
habitantes, Jouda Zghidi, assegurou que chegou a ganhar as eleições
graças às disposições da legislação do seu país, que lhe permitiu
encabeçar a sua lista eleitoral.
Na Tunísia, a lei eleitoral,
recordou Zghidi, impõe aos partidos políticos que a metade das suas
listas de candidatos às diferentes eleições seja dirigida por mulheres.
Este
privilégio legislativo é contudo insuficiente para a autarca, apesar de
ser importante para ganhar a confiança da sociedade. Assim, explicou
que conseguiu ter o apoio dos eleitores devido ao seu trabalho como
professora do ensino secundário, que lhe permitiu ganhar a confiança dos
pais dos seus alunos.
Reconheceu que, como autarca, encontra
dificuldades para compatibilizar o seu cargo político, a sua profissão e
o seu papel tradicional como dona de casa, e queixou-se da falta de
meios e experiência para convencer mais mulheres a participar na gestão
dos assuntos públicos.
Sobre a presença de mulheres no poder
legislativo, por exemplo, são as tunisinas que mais lugares ocupam nos
parlamentos dos respetivos países, com 34%, seguidas pelas marroquinas
(mais de 20%), jordanas (15,4%) e egípcias, com 14,9%.
* Estas mulheres lutadoras são uma lufada de ar fresco na tromba do machismo medieval árabe em pleno século XXI.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário