Quanto mais me financias,
mais gosto de ti
Se os partidos acham que era injusto o IVA que pagaram em tempos e querem recebê-lo de volta, eu também quero receber o IVA que paguei a mais nos restaurantes no tempo da PAF.
Queria começar esta crónica desejando um magnífico ano de 2018 para
todos os leitores, excluindo os que pertencem a partidos. A esses é
escusado desejar porque já o garantiram. Isto foi a forma irónica - ou,
segundo o spin partidário, populista - de fazer uma "piada" à recente
lei do financiamento dos partidos.
Para
começar, o facto de termos de acautelar um limite para as doações é uma
espécie de confissão dos partidos - agarrem-me, senão eu roubo. Vou
usar de todo o meu populismo para dizer que somos um país onde os
políticos ganham pouco, mas gastam muito.
Podíamos estar aqui
horas a falar da forma e conteúdo desta nova lei, mas estamos todos
demasiado cansados das consoadas e das conversas em família. Das
alterações à lei, a que me faz mais confusão é a isenção total de IVA
para os partidos políticos, com efeitos retroactivos.
Vamos
lá ver. Se os partidos acham que era injusto o IVA que pagaram em
tempos e querem recebê-lo de volta, eu também quero receber o IVA que
paguei a mais nos restaurantes no tempo da PAF. Este Governo já
confirmou que era injusto. Isenção do IVA com efeitos retroactivos aos
processos pendentes dá vontade de chorar, não fosse o IVA dos lenços.
Acho
espectacular que se pague IVA de fraldas e que, a seguir, se façam
comícios e as bandeiras não paguem IVA e nem para limpar o rabo servem.
Segundo o que li, os partidos passam a ter IVA mais favorável do que as
IPSS. Pelo menos, já dá para comprar verdadeira roupa de alta-costura.
O
mais extraordinário do spin partidário é o querer reduzir a indignação
de muitos a populismo, logo aqueles que todos os dias o usam. A forma de
tentar anular uma indignação que, estranhamente, muitos sentem é tentar
diminuir intelectualmente quem a tem. Não resulta porque somos nós que
vamos votar em vocês. A verdade é que, talvez por isso, julguem que
somos intelectualmente fraquinhos.
Tal como resulta mal as
falsas virgens ofendidas. Ver Santana Lopes e Rui Rio ficarem chocados
com esta lei é o tipo de lição de moral que não consigo aceitar. É como
ver Maradona chocado com o doping no ciclismo. Ou ver Assunção Cristas,
agora, depois de meses e reuniões mais secretas do que aquelas a que vai
o Nuno Magalhães na casa Mozart, vir dizer que saltou fora. Imagino que
jamais o CDS vai aceitar devoluções e IVA, a não ser que venham em nome
de um Jacinto Leite Capelo Rego. O CDS é o partido que fica do outro
lado do muro a guardar enquanto os outros vão roubar as nêsperas, mas se
aparece o dono diz que os outros foram às nêsperas.
Para acabar,
o nosso sempre presente e opinativo Presidente Marcelo diz que não pode
pronunciar-se "já" sobre as alterações à lei do financiamento dos
partidos. Fico impressionado, até sobre o sentido da vida ele
conseguiria falar mas, sobre isto, tem de meditar.
Termino como
comecei, desejando um bom ano de 2018 para todos e uma excelente
passagem de ano, mas deixo uma sugestão: depois desta lei do
financiamento dos partidos, proponho trocar as cartolas compradas pela
CML por auréolas para todos os portugueses. Bom ano.
top-5
Financiamentos
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2. Braga. Dois anos e quatro meses de prisão efectiva por roubo de tablet - O Salgado roubou o equivalente a meia Apple.
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4. Doces e salgados proibidos nos hospitais - Só entra legionela.
5. Portugal perto de défice zero até Setembro - Vão distribuir dividendos por todos.
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IN "JORNAL DE NEGÓCIOS"
29/12/17
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