HOJE NO
"O JORNAL ECONÓMICO"
Chineses pagam 150 milhões
por 60% da Montepio Seguros
A CEFC Energy vai subscrever um aumento de capital na Montepio Seguros de 150 milhões e fica com 60%, mas com o fito no banco.
A Associação Mutualista confirmou a venda de uma participação
maioritária na seguradora ao grupo chinês CEFC China Energy, numa
operação que ainda terá de ter a luz verde da entidade reguladora, a
Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões, e do conselho
geral da Associação.
.
A entidade liderada por Tomás Correia não
avançou qual é o valor do aumento de capital nem da participação
maioritária com que ficará o grupo chinês, mas o Jornal Económico soube,
junto de fonte próxima do processo, que o CEFC Energy acordou
subscrever um aumento de capital na Montepio Seguros (que inclui a
Lusitânia Seguros, Lusitânia Vida, Futuro e M Seguros) no valor de 150
milhões de euros, ficando, no fim da operação, com 60% do capital. Isto
é, avaliaram a Montepio Seguros em cerca de 95 milhões de euros. Uma vez
que a principal seguradora, a Lusitânia, tinha em 2016 capitais
próprios de cerca de 114 milhões de euros, o valor pago parece elevado.
Esta situação leva a questionar qual será o real objectivo desta
operação. Segundo as nossas fontes, o objetivo a médio prazo é os
chineses entrarem no capital da Caixa Económica Montepio Geral. O que, a
confirmar-se, significaria que a operação de venda de 10% do banco às
Misericórdias estava em risco de não se concretizar. No entanto a venda
de uma participação qualificada aos chineses implica a autorização do
Mecanismo Único de Supervisão (MUS) do BCE.
Não foi possível contactar a Associação Mutualista, em tempo útil.
Questionada
pelo Jornal Económico, Elisa Ferreira, vice-governadora do Banco de
Portugal, com assento no MUS, disse que “a Caixa Económica tem vindo a
dar uma série de passos, que são públicos, no sentido do robustecimento
do seu negócio e da sua consolidação”. “Refiro-me à transformação em
sociedade anónima; refiro-me aos dois reforços de capital; refiro-me a
uma progressiva separação entre o interesse do acionista e os interesses
da instituição e a uma supervisão mais intrusiva por parte do
regulador. Portanto, cabe ao acionista fazer as propostas que achar
convenientes relativas ao modelo de governo adequado e à entrada de um
novo acionista. Ao supervisor cabe apenas avaliar quando essa ou essas
propostas aparecerem”, disse.
Estrutura acionista mais robusta é bem vinda
“Obviamente
que, se pergunta ao supervisor se quer ter, num banco supervisionado
por si, uma estrutura acionista mais robusta, se quer ter um capital
reforçado, o supervisor dirá sempre que sim. Assim como dirá que sim a
um modelo de governo mais transparente e mais protetor dos interesses da
instituição. Esta é uma resposta genérica para todas as instituições
desde que o acionista seja credível, alinhado com o interesse da
instituição e desde que o capital seja legítimo. Há todo um conjunto de
regras que têm de ser cumpridas. Mas antecipar o futuro não me cabe a
mim”, acrescentou Elisa Ferreira.
Questionada sobre se o Montepio
vai ter um de dois modelos de governo, monista ou dualista, agora que
passou a sociedade anónima, disse que “cabe ao acionista propor ao
supervisor o modelo que considera mais adequado e cabe ao supervisor
avaliar se todas as regras estão a ser cumpridas ou não”, disse ainda
que “não há prazo. Há algumas informações que vão circulando e vamos
mantendo o diálogo com o banco, o que acontece aliás em permanência com
todos os bancos, com todos os CEO e com os Chairmans”.
A
Associação Mutualista, dona do Montepio, anunciou em setembro uma
parceria com o grupo chinês, que acabou por resultar na venda de uma
participação maioritária da Montepio Seguros.
“O acordo será feito
através de um aumento de capital” da seguradora, afirma o grupo chinês
um comunicado divulgado no site, citado pelo Mergermarket. Mas “a
transação está ainda sujeita à aprovação dos acionistas e do regulador
português”, acrescenta o CEFC China Energy.
O possível interesse
no banco contrasta com o comunicado feito em setembro da Associação
Mutualista, onde esta anuncia que assinou uma parceria estratégica com o
grupo estatal chinês CEFC Energy. Este acordo contemplava várias
participações em empresas financeiras da Associação, mas “excluía
qualquer investimento na Caixa Económica Montepio Geral”, era dito na
altura. Segundo as nossas fontes, a entrada no capital do banco esteve
em cima da mesa, mas foi retirada na altura. No entanto, voltou a
colocar-se com o distanciamento da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
Este
acordo, assinado entre o vice-presidente da empresa chinesa, Hongbing
Wu, e o CFO da Associação Mutualista, Miguel Teixeira Coelho,
materializa-se numa “parceria estratégica de longo prazo para uma
cooperação empresarial multidimensional, num acordo vantajoso para ambas
as partes”.
* Pensavam que os chineses só queliam casas de flescos? Eles quelem dinheilo, muito.
.
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