Fahrenheit 2,8
Ver o PSD a dizer que se o país cresceu 2,8 no primeiro trimestre de 2017 é graças ao seu governo, é como ver um indivíduo a queixar-se que ele é que tomou os comprimidos para o "enlarge your penis" mas o outro é que tem o pénis maior.
Fahrenheit 451 é um romance de Ray Bradbury. O livro conta a história de
um futuro onde todos os livros são proibidos, as opiniões próprias são
consideradas anti-sociais e o pensamento crítico é suprimido. No fundo, o
sonho húmido de Aníbal Cavaco Silva.
O número 451 é a
temperatura (em graus Fahrenheit) a que queima o papel, o equivalente a
233 graus Celsius. O que se passou neste trimestre é uma espécie de
Fahrenheit 2,8 de tudo o que foi escrito sobre a "geringonça" e o futuro
do país após a construção desta alternativa à PAF. 2,8 de crescimento é
a temperatura a que ardem as calças do José Gomes Ferreira (ao menos a
maquilhadora do Zé Gomes Ferreira é de esquerda). É penoso ver a cara de
quem anunciava um segundo resgate ter de pegar no dois, e
acrescentar-lhe uma vírgula e um oito, e falar de aumento do PIB. Nunca
vi tanta gente encolhida a falar de crescimento.
Se o livro de
Bradbury fala do futuro, aqui convém recordar o passado. Se recordarmos
as capas dos jornais, na altura do acordo de esquerdas, o que lemos é
"Perante a possibilidade de um governo de esquerda Mercados estão
nervosos e acreditam num segundo resgate." "UE não vai aceitar orçamento
do governo do PS." "Investidores receiam apostar em Portugal com
governo de esquerda." Podíamos fazer um World Press Photo com as capas
dos jornais de tragédias que foram previstas para o nosso país. Claro
que isto seria o fim de uma cartomante mas nunca o fim dos especialistas
em economia, que nem chega a ser uma ciência.
É
nestes momentos que tenho pena que não exista uma bwin para estes
apostadores do TINA. Estes Bisavós do Restelo. Passos teria perdido o
apartamento em Massamá depois de ter apostado tudo na vinda do Diabo e
sair-lhe o Papa. Os profetas do "aumento do salário mínimo vai causar
desemprego" eram os únicos que tinham ficado desempregados.
Não
tenho nada contra o Medina Carreira, excepto ter partilhado o mesmo
programa com o Crato, mas se calhar já o mudava de área. Fica triste não
acertar uma. Na minha ideia, o Medina Carreira substituía o Ljubomir
Stanisic no "Pesadelo na Cozinha". Ou faziam um pesadelo na
contabilidade do restaurante e ele entrava ali e destratava o
contabilista e anunciava a falência para semana .
Durante anos
foi-nos dito, diariamente, que não havia alternativa. Nem valia a pena
tentar. Só o facto de falar nisso estragava o pouco que já tínhamos.
Éramos uma Natascha Kampusch na cave de um Wolfgang qualquer.
Chamaram-nos piegas e agora temos a mesma gente a chorar porque
crescemos 2,8.
Ver o PSD a dizer que se o país cresceu 2,8 no
primeiro trimestre de 2017 é graças ao seu governo, é como ver um
indivíduo a queixar-se que ele é que tomou os comprimidos para o
"enlarge your penis" mas o outro é que tem o pénis maior. Ou um
marinheiro que está no alto mar há um ano e meio, e que nem enviou o
ordenado para casa, achar que a mulher está grávida e o filho é dele.
top 5
1. Autárquicas: Cristas vai em 128 iniciativas. Leal Coelho vai em zero - estou preocupado com a Teresa Leal Coelho. Terá ido passar um fim-de semana na Praia da Luz?
2. Turistas levantaram 150 euros por minuto em Fátima - A Joana Vasconcelos, em vez de um terço, devia ter feito um multibanco gigante.
3. Portugal volta a emitir dívida de curto prazo com novo mínimo de juros - olha, isto para quem ganhou o Eurofestival da Canção, pfff.
4. Brasil: Temer foi gravado a dar aval para subornar Eduardo Cunha - aposto que não foi pela Globo.
5. Assunção Cristas diz que usa "botas e calças de gangas para ir a bairros sociais" - e faz rastas.
2. Turistas levantaram 150 euros por minuto em Fátima - A Joana Vasconcelos, em vez de um terço, devia ter feito um multibanco gigante.
3. Portugal volta a emitir dívida de curto prazo com novo mínimo de juros - olha, isto para quem ganhou o Eurofestival da Canção, pfff.
4. Brasil: Temer foi gravado a dar aval para subornar Eduardo Cunha - aposto que não foi pela Globo.
5. Assunção Cristas diz que usa "botas e calças de gangas para ir a bairros sociais" - e faz rastas.
IN "JORNAL DE NEGÓCIOS"
19/05/17
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