ESTA SEMANA
NO "SOL"
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Rússia.
Milhares choram Nemtsov
e apontam o dedo a Putin
Ruas de Moscovo encheram-se para homenagear opositor do presidente, assassinado em 2015, em circunstâncias pouco claras.
Dezenas de milhares de russos juntaram-se, este domingo, em Moscovo,
para recordar Boris Nemtsov, o antigo vice-primeiro-ministro do
presidente Ieltsin e um dos principais críticos de Vladimir Putin, até
ao dia 27 de fevereiro de 2015, data em que perdeu a vida, junto ao
Kremlin, depois de receber um disparo pelas costas, quando regressava a
casa após o jantar.
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O encontro serviu para homenagear Nemtsov, dois anos após o seu
misterioso assassinato, mas também para desafiar o presidente Putin. Nas
ruas da capital russa - e também em São Petersburgo e outras cidades do
país - foram vistos vários cartazes com críticas ao líder da Rússa e
ouvidos cânticos de desagrado sobre a sua presidência. Segundo a
correspondente da BBC em Moscovo, Sarah Rainsford, “Rússia será
libertada!” e “Putin é guerra!” foram as frases mais ouvidas entre os
manifestantes, enquanto que “Devolvam-nos as nossas eleições,
ratazanas!” e “Sou contra a anexação da Crimeia!”, constavam em alguns
dos cartazes.
A anexação ilegal do território ucraniano da República da Crimeia,
por parte da Federação Russa, em 2014, e o início da guerra civil no
país, estão intimamente ligados com o trabalho de oposição de Nemtsov.
Poucos dias antes de ser assassinado, o ex-político, de 55 anos, tinha
vindo a apelar a todos os russos para aderirem a um protesto, organizado
pelo próprio, contra a guerra ilegal de Putin na Ucrânia e o
financiamento das tropas rebeldes separatistas no leste do país.
Embora cinco chechenos estejam a ser atualmente julgados pelo crime, o
assassinato de Nemtsov foi entendido por grande parte da oposição como o
resultado de uma ordem decretada pelo próprio presidente. Putin negou
qualquer envolvimento e sugeriu que os autores do crime procuraram
“provocar” tanto o governo como a oposição.
Entre os cerca de 20 mil manifestantes que se juntaram hoje em
Moscovo as dúvidas sobre a morte de Nemtsov eram muitas. Para um dos
organizadores, Ilya Yashin, o sentimento geral é de desconfiança, pelo
que a homenagem, contou à BBC, serviu igualmente para pedir justiça para
os “autores”, para os “organizadores” e para “os que ordenaram” o
assassinato do antigo crítico do governo. “Viemos prestar tributo à
honestidade e à bravura de Boris Nemtsov [e] queremos mostrar às
autoridades que não nos esquecemos”, explicou uma protestante à AFP, na
mesma linha de Yashin.
* Os ditadores não são eternos mas a história diz-nos que demoram muito a morrer.
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