11/01/2017

PEDRO OLIVEIRA

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Se o futuro (do trabalho) 
pertence aos robôs, 
o que vão fazer os nossos filhos?

Estamos na iminência de enfrentar um desafio que, não sendo novo, está a tomar proporções novas. Os robôs e a inteligência artificial estão aí para ficar. E as pessoas?

Os armazéns da Amazon “empregam” hoje 45.000 robôs, o triplo dos 15.000 que a empresa tinha em 2014, após a aquisição da empresa robótica Kiva Systems de Boston em 2012, que aumentou de forma decisiva o enfoque na automação e revolucionou as suas operações. Recentemente a Amazon abriu, no coração de Seattle, uma loja de conveniência sem caixas registadoras e sem os respectivos funcionários. Na “Amazon Go”, os clientes usam uma app que identifica os itens que estão no cesto das compras, e quando o cliente sai da loja, a app faz a cobrança automática e sem que o cliente perca tempo na caixa registadora. Entretanto foram também já realizadas entregas ao domicílio através de “drones”.

Também A Foxconn, fornecedora da Apple e Samsung sedeada em Taiwan, substituíram 60.000 funcionários por robôs em Maio de 2016, reduzindo a força de trabalho de 110.000 para 50.000. A Foxconn tinha instalado até Outubro de 2016 cerca de 40.000 robôs de produção em toda a China, com o objectivo de reduzir o número de pessoas que emprega.

Esta tendência não é nova e durante décadas as empresas mais avançadas têm substituído o trabalho humano por diferentes formas de tecnologia. Nos EUA o número de agências de viagem caiu de cerca de 132 mil em 1990 para 74 mil em 2014 de acordo com o Bureau of Labor Statistics.

Mas hoje uma explosão na tecnologia da robótica está a acelerar esta mudança em que dezenas de milhões de empregos serão eventualmente tomados por máquinas sejam eles robôs de produção ou “de condução” como os carros autónomos que a Uber ou a Google (em parceria com Fiat Chrysler) tem em fase de teste.

A McKinsey (2013) estima que, caso se mantenha o atual ritmo de mudança tecnológica, as tecnologias de automação possam até 2025 substituir 110 a 140 milhões de pessoas em todo o mundo, incluindo tarefas cada vez mais criativas e intelectuais. Também um relatório recente da Forrester afirma que os robôs vão assumir mais de 6% dos empregos nos EUA até 2021. Um outro estudo de dois investigadores da Universidade de Oxford (Frey & Osborne 2013) analisou o impacto em 702 tipos de ocupação e conclui que até 2035, 47% dos nossos empregos correm o risco de serem automatizados. Ou seja, quando a atual geração de bebés chegar à idade adulta, quase metade dos empregos atuais terão sido tomados por máquinas.

Mas, por outro lado, a tecnologia tem permitido criar novos tipos de trabalho. Cerca de 1/3 dos novos empregos nos EUA, eram, de acordo com um relatório recente da McKinsey (2016), inexistentes há 25 anos. Em França, a Internet destruiu 500.000 postos de trabalho nos últimos 15 anos, mas, ao mesmo tempo, criou 1,2 milhões doutros empregos, uma adição líquida de 700.000, ou 2,4 postos de trabalho criados para cada trabalho destruído (de acordo com um estudo de 2011, também da McKinsey).

O World Economic Forum estima que 65% das crianças que hoje entram nas escolas, irão trabalhar em funções que atualmente não existem… Mas será que a criação liquida de empresa vai ser suficiente? Uma das observações recentes de uma mesa redonda sobre o futuro do trabalho realizada na Brookings Institution é que metade das crianças que nascerem em 2020, não vão nunca trabalhar!

Todos sabemos que o receio do desemprego tecnológico é tão antigo como a própria tecnologia e que as previsões sobre futuro tendem a estar erradas. Mas independentemente dos números serem estes ou outros, parece que estamos na iminência de enfrentar um desafio que, não sendo novo, está a tomar proporções novas. Os robôs e a inteligência artificial estão aí para ficar… e as pessoas?

* Senior Associate Dean for Faculty and Research 

IN  "OBSERVADOR"
09/01/17


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