Vaidade. Definitivamente
o meu pecado favorito
Somos uma geração vaidosa? Sim, somos. Mas tal como o meu amigo (quem me dera que fosse!) Al Pacino diz " Vanity. Definitely my favourite sin!"
Faço parte de uma geração
de selfies. Em que alinhar a camera do telemóvel com a luz da casa de
banho, inclinando a cabeça no melhor angulo que temos e estendendo os
lábios na famosa pose de “duck face”, é algo familiar à maior parte de
nós. Não precisamos da ajuda de ninguém ou de um contrato profissional,
somos modelos, fotógrafos, editores do trabalho e somos pagos em
elogios.
O Facebook, em
que mudamos a fotografia de perfil de vez em quando, já não nos
consegue acompanhar. Agora é o Instagram, que nos incentiva a publicar
mais do que uma foto por dia com descrições inteligentes e engraçadas,
mas a maior novidade de todas, é mesmo o Snapchat. Sabes aquelas pessoas
que nos punham constantemente a par do que se estava a passar nas suas
vidas de minuto a minuto no Facebook? Se alguma vez sentires a falta de
alguma, não te preocupes, só tens que criar uma conta no Snap e
garanto-te que vais encontrá-la. Tens filtros, mensagens e 24 horas de
orelhas de cão.
É o
tempo das novas Kardashians, que de repente cresceram e nos apanharam de
surpresa, até a nós, que somos da idade delas ou mais novos. A Kendall
tornou-se uma modelo mundialmente requisitada e a Kylie criou uma linha
inteira de maquilhagem que vende como se cada produto fosse o último
copo de água no deserto.
Os
adolescentes de agora, desejam acima de tudo visibilidade, de parecer
bem num estado inflamado, desejando a aprovação de todos, tanto dos
conhecidos como dos estranhos.
Mas não penso que a vaidade seja equivalente a insanidade e a verdade é que de todos os pecados, é aquele que está mais na moda.
Se estão preocupados com a quantidade de tempo que a vossa filha fica à frente do espelho a colocar maquilhagem ou o vosso filho a arranjar o cabelo, relaxem, não é preciso. Eles não são inseguros ou narcisistas. São elementos normais de um tempo diferente. Nós gostamos de mudar de penteado de mês a mês, de seguir as tendências mais recentes (género chocker à volta do pescoço ou como a minha mãe lhes chama, “as coleiras”), de atualizar as nossas redes sociais todos os dias e partilhar um snap, sempre que acordamos com boa cara.
É
a juventude do iPhone mais recente e dos ténis Adidas. Dos jantares no
sushi e das conversas de café com um copo de Somersbsy na mão. Dos
micro-car e motas estacionadas à porta de casa de um amigo. Dos biquínis
com folhos coloridos ou fatos de banho quitados. De localizações no
Instagram e fotografias de catálogo. De corpos perfeitos e chapéus
virados ao contrário.
Estamos sempre a fazer coisas e a querer partilhar o que fazemos. Somos pecadores na nossa inocência de querer parecer.
O
único perigo real aqui é nos perdermos de quem somos e nos tornarmos
apenas naquilo que queremos que os outros vejam. Creio que não existe
nada mais precioso que a privacidade e a individualidade. Não deixes as
aparências arruinarem a tua verdade. Pinta o cabelo, guia com óculos de
sol na cara e veste-te como um modelo. E por de trás de toda a
superficialidade, orgulha-te do quanto alguém ainda tem que mergulhar
bem fundo até realmente te conhecer.
* O meu nome é Benedita Mendonça e tenho 17 anos. Frequento o 12º Ano no curso de Humanidades. Já fui jogadora de ténis...agora sou só preguiçosa. Sofro de um vício incurável por Coca-Cola, o que provavelmente me ajuda a perder horas de sono a ler ou a escrever. Dá-me jeito tornar essas horas em algo mais do que perdidas e é por isso que quero partilhar toda a vasta experiência que os meus 17 anos me ofereceram sobre a adolescência.
IN "VISÃO"
27/08/16
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