A direita patriota
contra os portugueses
Temos
um Governo que se atreve - imagine-se - a ter um programa sufragado
democraticamente que traça uma política que rompe com a austeridade
expansiva do empobrecimento.
Temos um Governo do Estado soberano português que se atreve - imagine-se - a criticar Bruxelas, a defender Portugal.
Temos
um Governo que se atreve- imagine-se- a apresentar um verdadeiro plano
nacional de reformas em matéria de intervenção, de produtividade e
competitividade, de endividamento da economia e reforço da coesão e
igualdade social, esta última destruída nos últimos quatro anos.
Temos um Governo que se atreve - imagine-se - a traçar um outro caminho no que toca à educação, à saúde ou à segurança social.
Temos
um Governo que se atreve - imagine-se - a investir na qualificação dos
portugueses como consta do plano nacional de reformas, em cerca de seis
mil milhões de euros. Um Governo que sabe que o país não aguenta mais o
desprezo pela promoção do ensino secundário enquanto patamar mínimo de
qualificações.
Temos um Governo que se atreve - imagine-se- a
defender que é imperioso combater o insucesso e abandono escolar e a
qualificação de adultos, com medidas como a atribuição de 70 mil bolsas
no ensino superior, o reforço do ensino secundário profissional e a
atribuição progressiva de manuais escolares gratuitos no ensino básico e
secundário. Um Governo que inverte democraticamente o ataque à
segurança social, à facilitação dos falsos recibos verdes, que põe fim à
inércia perante os desencorajados.
Perante as críticas da
comissão europeia – nomeadamente quanto ao aumento do salário mínimo -
temos finalmente um primeiro-ministro que levanta a voz e que não faz de
criado, afirmando claramente que recusa um modelo de país baseado em
baixos salários e que a batalha pela igualdade continua.
Temos
finalmente um primeiro-ministro que diz isto: “a batalha pela igualdade é
permanente, já a travámos antes do 25 de Abril de 1974 e temos de
continuar a travá-la. Quando vemos alguns cá dentro ou na Europa a
dizerem que em Portugal nós não nos desenvolveremos aumentando o salário
mínimo nacional, porque estamos condenados a viver num país de baixos
salários e de pobreza, temos de dizer que não aceitamos".
Perante
este Portugal defendido, temos uma direita comunitária no sentido
hipócrita da palavra: uma direita que se desdobra em alta voz a exigir
um “plano B”, cheia de esperança que ele exista, a roer as unhas para
que a execução de um OE que devolve dignidade às pessoas seja
substituída pela exigência de austeridade.
Perante este Portugal
finalmente defendido sem meias palavras, a direita ao fazer tudo para
que a defesa do Estado social nas suas várias vertentes caia em nome do
tal “Plano B”, mais uma vez denuncia a sua servidão a Bruxelas, num
“internacionalismo europeu” mesquinho, indiferente à consequência de
isso mesmo ser uma adesão ao ataque à recuperação da dignidade de quem
trabalha continuando pobre.
Patriota, diz de si a direita.
IN "EXPRESSO"
23/04/16
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