HOJE NO
"OBSERVADOR"
Associação Nacional de Municípios
dá nota “positiva” ao Orçamento
Este Orçamento "é um sinal de reposição de autonomia do poder local", considera Manuel Machado, representante dos municípios. O autarca, no entanto, não deixou de apontar algumas críticas ao diploma.
A Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) dá nota
“positiva” à proposta de Orçamento do Estado para 2016 apresentada pelo
Governo socialista, considerando que, “depois de muito tempo de
dificuldades”, este diploma dá uma “sinal de reposição de autonomia do
poder local democrático”.
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No Parlamento, Manuel Machado,
representante da ANMP, destacou como “particularmente positiva” a “não
eliminação do IMT”, como previa, de resto, o anterior Governo e o fim
das “isenções de IMI e IMT para os fundos imobiliários”.
O autarca elogiou também o “alívio” na aplicação da lei dos
Compromissos e Pagamentos em Atraso (LCPA), através do alargamento do
prazo de três para os seis meses seguintes.
Ainda assim, o
presidente da Câmara Municipal de Coimbra não deixou de apontar alguns
aspetos negativos à proposta de Orçamento apresentada pelo Governo
socialista. À cabeça, o facto de, no entender de Manuel Machado, “a lei
das fianças locais não estar a ser cumprida”.
Esta questão já foi, de resto, levantada pela ANMP. Em declarações ao jornal Público, Manuel Machado lembrou
que “a lei das finanças locais determinaria um aumento de 5% em anos
sucessivos nas transferências globais dos cofres do Estado para o poder
autárquico”. Ora, isso não acontece nesta proposta de Orçamento, considera o socialista.
Mesmo
reconhecendo o acréscimo de 1,2% nesta transferência em relação ao ano
de 2015 como “positivo”, o presidente da ANMP continua a defender que
este valor “não atinge o fixado na lei das finanças locais que está em
vigor”. Os 29 milhões de euros transferidos para o poder local, diz
Manuel Machado, são “claramente insuficientes e arbitrários” e “nem sequer significam o início da reposição das receitas municipais”.
Esta
questão acabaria por dominar, em parte o debate parlamentar, com o
Manuel Frexes, deputado social-democrata, a considerar este
incumprimento é “altamente penalizador para os municípios” e “contraria o
discurso do Governo”. “Aqui está um caso político de violação da lei“, sublinhou o deputado do PSD.
À
esquerda, PS e PCP responderam lembrando que o anterior Governo nunca
cumpriu a lei das finanças locais. José Manuel Carpinteira, deputado
socialista, chegou mesmo a dizer que “se houve governo que desprezou a autonomia do poder local foi o anterior Governo“.
Paula Santos, do PCP, mesmo reconhecendo que o partido comunista “não acompanha este Orçamento” na questão da lei das finanças locais, defendeu que esta proposta põe um ponto final em quatro anos de “ataque brutal ao poder local“.
Municípios querem redução do IVA aplicado à iluminação pública, refeições escolares e transportes escolares.
No Parlamento, Manuel Machado
chegou mesmo a dizer que era “incompreensível” que o IVA fosse reduzido
para o setor da restauração e que se mantido à taxa máxima para a
prestação de serviços sociais, como é o caso das refeições escolares. Os
municípios defendem, nesse sentido, uma redução do IVA para 6% (taxa
reduzida) nestas três áreas. Na “pior das hipóteses”, admitiu Manuel
Machado, que essa taxa fosse de 13%.
“Não se aceita que para comer
uma refeição escolar seja aplicado 23% em IVA e comer num qualquer
restaurante do país seja apenas aplicada a taxa de 13%”, atirou Manuel
Machado.
O Ministério das Finanças, no entanto, já veio esclarecer
que as refeições escolares estão abrangidas pelo IVA de 13%. “A norma
fala em geral do fornecimento de refeições (a 13%) e as refeições
escolares estão, naturalmente, abrangidas”, garantiu o Ministério das
Finanças numa nota enviada à agência Lusa.
Na quarta-feira, os
autarcas do PSD tinham criticado a ausência de redução do IVA nas
refeições escolares, considerando-a como um “escândalo” ou um “lapso”
que o Governo deverá corrigir.
* Os "pfàfs" cada vez mais desagregados, até a ANMP concorda com o orçamento.
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