10/10/2015

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HOJE NO   
"OBSERVADOR"

O primeiro orgasmo do cinema
 foi há 82 anos

Hedy Lamarr interpretou o primeiro orgasmo feminino de sempre, no filme "Ecstasy", nos anos 30. A atriz abriu o caminho para o cinema moderno e nós mostramos outras interpretações mais recentes.

Hedy Lamarr ficou conhecida na história do cinema como a Ecstasy Girl. Porquê? Porque foi a primeira atriz a interpretar um orgasmo num filme não pornográfico, em 1933, conta a revista Time. 
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Oito décadas separam o filme checo Ecstasy do recente Fifty Shades of Grey e a verdade é que a interpretação da atriz Hedy Lamarr nos anos 30 foi marcante e sobretudo audaz — catapultou-a para o estrelato internacional.

Antes do filme, Hedy Lamarr era Hedy Kiesler, mas o impacto do papel que interpretou levou-a a trocar de apelido. Em Ecstasy, interpreta a personagem Eva, uma jovem mulher que estava casada com um homem mais velho, que era também impotente. A determinada altura do filme, Eva nadava nua num lago quando o cavalo que a trouxe até ali fugiu e lhe roubou as roupas.

A jovem corre nua pelos campos atrás do cavalo, protagonizando uma cena de nudez que nos anos 30 era considerada irreverente. Mas o filme não se ficou apenas pela nudez e colocou a atriz a interpretar o primeiro orgasmo feminino da história do cinema — ainda por cima, na cena envolve-se com um homem mais novo, trazendo para a trama mais um assunto polémico, o adultério.

Na altura, esta passagem do filme chocou e dividiu as audiências. Mas hoje não provocaria qualquer tipo de polémica. Nela, apenas é filmado, de vários ângulos, o rosto da jovem, que termina a cena fumando um cigarro.

No festival internacional de Veneza, o filme foi recebido com entusiasmo. Mas nem todos gostaram. A Time conta que o Papa denunciou a cena no jornal do Vaticano. O marido de Hedy Lamarr quis queimar todas as cópias e nos Estados Unidos o filme só foi exibido sete anos depois, ainda assim num número limitado de salas. Foi para os EUA que Hedy acabou por ir, fugindo do seu marido, um homem tido como controlador.

A atriz austríaca foi pioneira na exposição da sexualidade feminina. A Time conta que, mais tarde, Hedy veio dizer que na altura do filme era apenas uma jovem com 18 anos e que a inexperiência a levou a entregar-se ao papel sem medir muito bem as consequências disso. A personagem seguiu-a durante anos e acabou por rotular a sua imagem.

Tratava-se de uma injustiça. Hedy Lamarr era inteligentíssima: inventou e patenteou, com a ajuda de George Antheil, um dispositivo que conseguia alterar as frequências dos sinais de rádio, uma espécie de sistema de comunicações secreto que impedia os inimigos de descodificarem mensagens durante a Segunda Guerra Mundial. Não chegou a ser utilizado nessa altura, mas tornou-se num passo importante no que diz respeito ao desenvolvimento da tecnologia. Só em 1997 é que Lamarr e o seu parceiro receberam o prémio pioneiro da Eletronic Frontier Foundation.

A atriz, que morreu em 2000 com 85 anos, abriu o caminho para o cinema moderno, que depois daquela cena inicial foi inundado com vários filmes e interpretações de orgasmos femininos.

* A história da humanidade faz-se com todos os acontecimentos, os bons e os maus, este orgasmo foi bom para o cinema e para as pessoas, perderam-se falsos pudores. Pio XI, o papa da época, não gostava de orgasmos, bastava ejacular o necessário para fazer filhos.

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