Pelo interesse público
marchar, marchar!
O que está em causa para os utentes dos
serviços de transportes, na decisão do Governo de levar a cabo a
subconcessão do Metro e da STCP, agora através de ajuste direto, é de
tal modo importante que exige que os autarcas, que foram eleitos para
defender o interesse daqueles, sejam capazes de articular posições e
bater o pé com firmeza.
É preciso utilizar todos os mecanismos
necessários para, desta feita, fazer abortar um processo que a ir por
diante e nos moldes em que foi concebido será altamente penalizador para
a população do Norte e para todos quantos por aqui passem.
Acresce
que, como diz o ditado "quem não se sente não é filho de boa gente", os
autarcas da AMP foram desrespeitados de novo porquanto a mencionada
decisão, para além de errada, incompetente, imponderada e apressada, foi
mais uma vez tomada à revelia de quem representa esses utentes e melhor
que ninguém conhece e entende as suas necessidades em termos de
serviços de transportes.
Ademais o Governo, na sua cegueira e
prepotência centralizadoras, ao invés de arrepiar caminho, insiste nos
mesmos erros anteriormente cometidos.
Teima em lançar os concursos
em simultâneo tratando de forma igual o que é diferente. Teima em
manter um caderno de encargos incompetente e irrealista porque não
sustentável em termos económicos. Teima em negligenciar o essencial, que
é a salvaguarda dos interesses legítimos dos utentes consubstanciada na
garantia de um serviço de qualidade.
O Governo teria ficado bem
melhor na fotografia se, com humildade, tivesse assumido o fracasso do
processo anterior e aproveitasse a oportunidade para começar de novo
fazendo "mea culpa" e corrigindo aquilo que originou o triste desfecho
que todos conhecemos; o falhanço do concurso internacional, um ano de
atraso na resposta aos problemas e os imensos prejuízos causados quer
aos utentes, quer aos trabalhadores, quer às cidades que viram os
serviços prestados por ambas as empresas estratégicas da AMP a
degradarem-se a olhos vistos.
Ao contrário do que diz o secretário
de Estado dos Transportes, que como é óbvio agora apenas pretende
salvar a face, não é do interesse público ir teimosamente em frente. Do
interesse público é antes fazer o bom senso imperar, é evitar por todos
os meios que este processo vá por diante, é deixar que o próximo
Governo, seja ele qual for, com a ponderação que o assunto merece e
tendo em conta a opinião dos trabalhadores, dos destinatários dos
serviços e dos seus representantes tome uma posição equilibrada e amiga
de todos quantos os utilizam.
Não sou contra a subconcessão da
Metro e da STCP mas sou contra esta forma incompetente, irresponsável e
atabalhoada como a querem levar a cabo contra tudo e contra todos.
É
por isso que entendo que todos juntos, fazendo valer o nosso direito à
indignação, temos o dever de pelo interesse público marchar, marchar!
Deputada municipal do movimento de Rui Moreira.
IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
09/09/15
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