Vem aí o "Uber'
do estacionamento e
das bombas de gasolina
Antes que dê um fanico a alguém, não se trata de uma nova empresa
que vai enviar estafetas com gasolina a pedido dos utilizadores. Também
não é uma equipa de arrumadores que se pode mandar vir através de uma
app. É simplesmente uma tecnologia que a empresa alemã SAP está a testar
e a que chama "o Uber do estacionamento e do abastecimento."
Poder-se-ia também dizer que é uma Via Verde com esteróides, em que não é
preciso sequer digitar códigos - o computador de bordo identifica e
paga tudo sozinho.
Na semana passada, pude ver como funciona
no complexo da empresa em Silicon Valley. A primeira surpresa foi
descobrir que a SAP tem bombas de gasolina internas, apesar dos carros
eléctricos por todo o lado e de "sustentável" ser o mote na região.
A
demonstração foi feita num Ford Mustang encarnado e descapotável.
Segundo Gil Perez, que lidera a divisão de carros conectados na empresa,
a plataforma é adaptável a qualquer modelo, bastando o fabricante
automóvel querer. Na demo, estacionámos o carro ao pé da bomba de
gasolina e foi feita a ligação via Wi-Fi, bastando clicar no ecrã do
carro para confirmar. Concluído o abastecimento, a conta foi debitada e o
recibo apareceu no ecrã do computador de bordo - tal como quando se usa
o Uber.
Na bomba, o ecrã oferecia cupões de desconto para serem
usados em vários itens, incluindo Snickers. "Imagine o que os donos da
bomba podem fazer com esta informação, quantos clientes imprimem os
cupões e depois os usam para comprar chocolates!" disse, entusiasmado,
mandando imprimir todos os descontos. Claro, esse poder analítico é o
pão nosso de cada dia das grandes empresas, que procuram refinar cada
vez mais o conhecimento sobre os consumidores.
Mas faz sentido
usar um carro para fazer a transacção, quando pagamentos móveis é que
estão a dar? "Os regulamentos proíbem a utilização de telemóveis ao pé
de bombas de gasolina", apressou-se Perez a explicar. Além disso, nada é
mais conveniente que pagar sem tirar a carteira ou o telemóvel do
bolso.
A outra situação que a SAP quer revolucionar à la Uber,
quiçá ainda mais interessante, é a do estacionamento. Primeiro, o
sistema pesquisa e descobre o parque mais adequado ao nosso destino. Com
o Mustang, o computador de bordo comunicou com o parque subterrâneo
assim que nos aproximámos; apareceu a tarifa no ecrã do carro e um botão
para abrir a cancela. Lá dentro, o sistema de navegação indicou o lugar
vago mais próximo. À saída, foi igual. Mas a parte mais interessante é
que a aplicação podia ter sido usada para reservar um lugar com
antecedência, por exemplo se estivéssemos parados no trânsito.
O
que é que a SAP tem a ganhar com isto? Fornecer a plataforma e o
software de ligação entre os vários intervenientes. A ideia é também
ligar a app a restaurantes e cafés, como Pizza Hut e Starbucks, onde o
sistema encontra o mais próximo, faz a encomenda e indica onde recolher,
fazendo o pagamento de forma automática. Um mix entre Uber, Via Verde e
"drive through" - mas sem ter de sair do carro, sem ter de comprar
aparelhos nem pagar anuidades, e sem ter de ficar nas filas. É para aí
que se caminha, e parece-me que os taxistas não vão ser os únicos a
protestar contra os Ubers da vida nos próximos anos.
IN "DINHEIRO VIVO"
11/08/15
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