17/07/2015

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GUIA PARA PERCEBER
A OPERAÇÃO MARQUÊS
11 PERGUNTAS









3ª PERGUNTA: E Hélder Bataglia, porque não foi detido ainda?


É dos poucos suspeitos que ainda não foi interrogado e a razão é simples: o Ministério Público não consegue notificá-lo por não encontrar a sua morada atual.

Bataglia nasceu no Seixal em 1947, e tem dupla nacionalidade, luso-angolana. Desenhou uma carreira de sucesso na área da construção. Tanto, que chegou a ser conhecido como o “rei dos empreiteiros da margem sul”. Agora, com 68 anos, a maior parte dos seus negócios está centrada em Angola.

O empresário ficou conhecido em Portugal, em 2004, com o caso dos submarinos. Bataglia é presidente da Escom, a empresa intermediária do negócio – controlada em 67% pela Espírito Santo Resources, holding do Grupo Espírito Santo (GES) – pelo qual recebeu comissões de 30 milhões de euros, explicou o Expresso.

O empresário depôs também na Comissão de Inquérito ao Caso BES, tendo sido das poucas vezes em que apareceu em público. O Expresso contou ainda que Bataglia se associou à família Espírito Santo em 1991, e que terá sido o responsável por convencer Ricardo Salgado a criar o BES Angola (BESA). O BESA esteve para comprar a ESCOM, mas o negócio acabou por não avançar.

Agora, Hélder Bataglia volta ao mediatismo por ser mais um dos nomes envolvidos no processo da Operação Marquês. É um dos acionistas principais da empresa detentora do resort de Vale do Lobo, a que a investigação da Operação Marquês tem estado dedicada nos últimos tempos, mas o Ministério Público não saberá, atualmente, do seu paradeiro.

A principal suspeita está no negócio que envolve o Resort Turístico de Luxo e a Caixa Geral de Depósitos, que lhe fez (à empresa do qual é acionista) um empréstimo no valor de 194 milhões de euros. A investigação suspeita de “luvas” nas negociações. Terá sido a partir das contas em offshore da sua empresa que saíram 12 milhões de euros de comissões para Joaquim Barroca, do grupo Lena, e deste para Carlos Santos Silva na Suíça.

Mesmo que o MP consiga notificá-lo em Angola, este país não extradita cidadãos nacionais para interrogatório.

Hélder Bataglia era também acionista da Akoya, empresa de gestão de fortunas suíça, que foi investigada no caso Monte Branco.


* Próxima pergunta amanhã à mesma hora.

 ** Por falha humana, talvez a provecta a idade seja a causa, falhámos a edição deste trabalho durante dois dias, hoje reiniciamos com a pergunta nº3, as nossas desculpas.

*** Um excelente trabalho dos jornalistas do "OBSERVADOR", a edição começou segunda 13/07/15.


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