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HOJE NO
"OBSERVADOR"
"OBSERVADOR"
PSD e Helena Roseta
unem-se contra Costa
Reunião de câmara aprovou alteração aos estatutos que permitem à Emel
ter negócios em Angola ou concorrer à gestão da Carris e Metro. Oposição
une-se para suspender decisão.
O PSD, o movimento Cidadãos por Lisboa e a restante oposição vai
unir-se para tentar travar a decisão da reunião de câmara, aprovada esta
quarta-feira apenas pelos vereadores do PS, de alterar os estatutos da
EMEL – Empresa Municipal de Estacionamento de Lisboa.
Em causa está uma alteração que permitirá à EMEL ter negócios fora de
Portugal (como Angola e Cabo Verde) que a oposição entende que deve ser
a assembleia municipal a aprovar e não os vereadores.
Segundo apurou o Observador, na reunião da assembleia municipal de
terça-feira, a presidente Helena Roseta (eleita pelo movimento Cidadãos
por Lisboa) vai apresentar uma proposta a reivindicar que seja este
órgão a ter a palavra decisiva sobre os estatutos da EMEL, que deverá
ser apoiada por todos os partidos da oposição. Roseta confirmou ao
Observador que essa proposta será discutida na segunda-feira com os
vários partidos. “Vou tentar desampatar esta questão que não é apenas
uma questão de Lisboa”, afirmou, referindo-se às regras das autarquias
no relacionamento com as empresas municipais.
O movimento Cidadãos por Lisboa equaciona pedir também um parecer à
tutela, a secretaria de Estado das Autarquias Locais, sobre a decisão
tomada em reunião de câmara.
“A proposta da presidente será muito oportuna. O que está em causa
não é a EMEL nem a sua gestão. O que está em causa é a violação do
princípio da confiança que deve existir entre os eleitores e os eleitos.
Percebemos bem que António Costa não gosta de ser escrutinado pelas
suas decisões. Não podemos abdicar de escrutinar a câmara e as suas
empresas. Há algum problema nisso? António Costa não leva este assunto à
assembleia municipal por alguma razão em especial? Era importante por
uma questão de transparência e de confiança que reconsiderasse”, afirmou
ao Observador o líder da bancada social-democrata na assembleia
municipal, Sérgio Azevedo.
A decisão de quarta-feira foi tomada depois de já ter havido um
parecer subscrito por todas as forças políticas representadas na
Comissão de Mobilidade da Assembleia Municipal de Lisboa a defender que a
competência para aprovar tal alteração pertencia exclusivamente à
assembleia municipal.
A proposta aprovada foi no sentido de “mandatar o representante do
município de Lisboa na assembleia geral da empresa [Manuel Salgado] para
aprovar essa alteração” aos estatutos que permitirá à empresa ter novos
“projetos de internacionalização” e poder vir a gerir os transportes
públicos (motivo que suscita mais dúvidas por parte do PSD).
Na prática esta alteração permitirá à Câmara de Lisboa, através da
Emel, concorrer à concessão da operação da Carris e Metro, no concurso
que o governo quer lançar ainda este ano. Esta semana António Costa
reafirmou a sua oposição à concessão a privados, defendendo a gestão
municipal dos transportes públicos.
Os vereadores do PS muniram-se também de um parecer jurídico para
defender a sua competência em fazer esta alteração. Não foi possível
obter esta sexta-feira mais esclarecimentos da câmara.
Segundo o Público, a votação desta proposta já tinha estado agendada
por duas vezes, mas acabou por ser adiada depois de vários vereadores da
oposição e dos Cidadãos por Lisboa (eleitos na lista do PS), terem
manifestado dúvidas sobre a sua legalidade e defendido que ela deveria
também ser apreciada pela assembleia municipal.
O autor do parecer da Comissão de Mobilidade, o deputado municipal
Fernando Nunes da Silva, dos Cidadãos por Lisboa, afirmou esta semana ao
Observador que a interpretação de António Costa é “suis generis” e
“viola a lei sobre atribuições das autarquias locais e competência dos
seus órgãos”.
Nunes da Silva lembra ainda que em 2011, quando Costa não tinha
maioria absoluta (só há um ano conseguiu ter essa maioria absoluta),
esta questão sobre a internacionalização da Emel foi uma das condições
que o movimento Cidadãos por Lisboa colocou para celebrar acordo com o
presidente de câmara. “Retirar o que foi negociado quando não tinha
maioria absoluta é altamente criticável e esta alteração de
comportamento não é bom sinal”, disse.
O deputado municipal critica a expansão da EMEL para Angola ou Cabo
Verde pelo facto de, assim, uma empresa municipal de Lisboa, por
exemplo, “passar a reger-se pelo direito angolano”.
O parecer da Comissão de Mobilidade diz que a “interpretação” de que a
alteração de estatutos de uma empresa municipal não tem de ser
submetida à apreciação da assembleia “contraria a prática existente no
município de Lisboa e em inúmeros outros municípios portugueses”.
* Os "Petrozedu" falam mais alto. Se esta alteração acontecer poderá haver a possibilidade de algum angolano comprar a EMEL. Nem José Socrates conseguiu piscar tanto o olho ao capital quanto António Costa, já se sabe que acordos com o actual edil só são cumpridos os que lhe trazem vantagem.
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