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Porque se candidatou a este emprego?
Chefe de redacção adjunta
IN "DINHEIRO VIVO"
18/08/14
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Palavras proibidas
numa entrevista
de emprego
Muitas vezes são os próprios candidatos que boicotam as suas
possibilidades de conseguir um emprego, quando vão a uma entrevista de
trabalho. A conversa abaixo é uma reprodução mais ou menos fiel de uma
série de entrevistas de trabalho que de facto aconteceram.
Porque se candidatou a este emprego?
Bem,
o salário é bom - os últimos tempos foram difíceis... está a ver, estou
sem emprego há uns meses e neste momento estou quase sem dinheiro. E é
uma boa forma de acumular mais experiência para poder candidatar-me a um
cargo melhor.
Está disposto a empenhar-se a fundo?
Claro!
Preciso mesmo deste emprego... Mas por acaso queria perguntar se posso
fazer um horário diferente. É que tenho um filho pequeno e dava-me jeito
sair às 17h, porque tenho de ir buscá-lo à creche. Comprometo-me a
deixar todo o trabalho do dia feito, mas precisava mesmo de sair a essa
hora.
E porque deixou a empresa onde trabalhava?
O que fazia
não me inspirava nada... E meu chefe era insuportável, estava sempre
aos gritos e nada do que eu fazia lhe servia. Nada estava bem feito. Ele
embirrava mesmo comigo, percebe, por isso quando acabou o meu contrato
fui despachada.
Tem alguma dúvida em relação à nossa empresa ou ao cargo em causa?
A empresa sei mais ou menos o que faz, mas queria perguntar uma coisa: posso tirar férias no mês de Agosto, o mês inteiro?
As
respostas não são todas da mesma pessoa - acredito que nenhum
entrevistador resistiria a tantas assim sem dar a entrevista por
terminada - mas são verdadeiras, dadas por diversas pessoas que se
candidatavam a empregos reais. Escusado será dizer que nenhuma delas foi
contratada.
No Guia do Mercado Laboral da Hays, empregadores
portugueses apontaram os erros mais comuns que os candidatos cometem em
entrevistas de trabalho: serem antipáticos ou arrogantes (85%), serem
incapazes de descrever a sua experiência profissional (62%), não serem
pontuais (57%), sobrevalorizarem as suas capacidades (47%) e dizerem mal
de antigos chefes (66%).
O que nos leva a um ponto importante a
levar muito sério numa entrevista de trabalho: honestidade, sim, mas
temperada com bom senso. Você contrataria alguém que admite que
considera a sua empresa como um simples passo num plano muito maior, um
meio para atingir o verdadeiro objectivo de carreira? Ou um candidato
que ainda antes de ser contratado já está a fugir ao trabalho ou revela
que terá dificuldade em cumprir os horários? A boa vontade tem
limites...
Os erros são óbvios, mas ainda assim há muitas pessoas
que os cometem, quando se candidatam a um cargo e chegam à entrevista.
Falar mal do antigo chefe é um dos mais comuns. Provavelmente, não vêem
nada de errado nisso: caramba, até é lisonjeador para o novo chefe,
não?! Não. Mesmo nada. A forma como você fala daqueles que fazem parte
do seu passado profissional é uma pista não só para a sua personalidade -
revela as suas capacidades de relacionamento, a forma como acata ordens
- mas também para a maneira como vai falar, no futuro, daqueles com
quem entretanto se cruzar. Se lhe é tão fácil insultar alguém na
primeira conversa com o entrevistador, é quase certo que não poupa
ninguém.
Por outro lado, tentar tirar nabos da púcara sobre quanto
vai receber ou falar em férias logo no primeiro contacto não é
aconselhável. Se esses factores não são mencionados na proposta de
emprego é porque o empregador quer guardar essa informação para
partilhar apenas com quem realmente ficar com o trabalho. Tem tempo - e
muito mais vantagens - para discutir o salário e regalias quando o
escolherem para o lugar. Se o seleccionaram é porque o valorizam, logo
poderão estar disponíveis para lhe oferecer melhores condições. Abordar
estes assuntos prematuramente pode dar uma ideia errada sobre a sua
maneira de ser - ninguém quer ter na sua equipa um funcionário
ganancioso e demasiado preocupado com as férias. Em contrapartida,
mostrar-se desesperado por um emprego pode fazer com que a oferta piore:
você é bom, tem o perfil ideal para o lugar, mas se estão a fazer-lhe
um favor ao dar-lhe o trabalho você aceitará quaisquer condições que lhe
proponham.
Em último lugar, não use a família como desculpa. Uma
coisa é candidatar-se a um lugar com horários flexíveis ou turnos e
revelar a sua preferência, outra é mostrar-se indisponível logo à
partida. Se não tem capacidade para cumprir, não se candidate. Caso
contrário só está a perder o seu tempo e o dos outros.
Chefe de redacção adjunta
IN "DINHEIRO VIVO"
18/08/14
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