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Senso d'hoje
Senso d'hoje
MARTA CRAWFORD
PSICÓLOGA CLÍNICA
TERAPEUTA SEXUAL E FAMILIAR
SOBRE O "DESEJO"
PSICÓLOGA CLÍNICA
TERAPEUTA SEXUAL E FAMILIAR
SOBRE O "DESEJO"
O desejo está virado para uma coisa sem problemas, sem papel higiénico
nem escova de dentes. Às tantas, a relação, que era de um com o outro e
de fazerem coisas juntos, começa a traduzir-se por ver mais televisão
ou ter de cuidar dos filhos, cumprir horários e fazer coisas
aborrecidas – como levantar cedo para ir pôr os miúdos à escola, vestir,
dar banho, fazer o jantar e por aí fora. Essas rotinas são chatas mas
são centrais na vida das pessoas, que deixam de falar de outras coisas
e de repente o que tem que ver com o erotismo, com o tempo de casal,
com a possibilidade de fugir desta rotina do dia–a-dia, é descurado. E
como é que a relação floresce se a pessoa deixa de a regar? Há um
desinvestimento e tudo o que tem que ver com a relação começa a ser
visto como obrigação. É então que se cria espaço para os outros, os de
fora, que são todos salvadores da pátria.
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