Capital e classe média
A
Avenida da Liberdade em Lisboa pode ser a imagem do agravamento da
desigualdade em Portugal. As dificuldades que as economias ocidentais
estão a enfrentar para saírem da crise pode ser um sintoma do
esmagamento da classe média. O sucesso de 'Capital no século XXI', do
economista francês Thomas Piketty, revela o reconhecimento de um
problema.
Mesmo que parte dos economistas discordem da proposta de Piketty para combater a tendência de agravamento das desigualdades, o facto de se falar do Capital, a ponto de o comparar com o outro, de Marx, é um abalo para as consciências.
Na versão simplificada do trabalho do economista francês, as desigualdades agravam-se sempre que a rendibilidade do capital ultrapassa o crescimento da economia. E esta desigualdade verifica-se especialmente em tempos de estagnação.
Ignorar aquilo que está a acontecer à classe média nos países desenvolvidos, com especial relevo para os periféricos do euro e para os Estados Unidos, é colocar em risco o regime em que temos vivido.
O distanciamento dos cidadãos em relação à política tem de ser igualmente lido como o resultado do que aconteceu à classe média durante a última década meia. Primeiro foi incentivada a endividar-se. Depois recebeu a factura em dinheiro e culpa. Nem o capitalismo nem a democracia sobrevivem sem classe média.
Mesmo que parte dos economistas discordem da proposta de Piketty para combater a tendência de agravamento das desigualdades, o facto de se falar do Capital, a ponto de o comparar com o outro, de Marx, é um abalo para as consciências.
Na versão simplificada do trabalho do economista francês, as desigualdades agravam-se sempre que a rendibilidade do capital ultrapassa o crescimento da economia. E esta desigualdade verifica-se especialmente em tempos de estagnação.
Ignorar aquilo que está a acontecer à classe média nos países desenvolvidos, com especial relevo para os periféricos do euro e para os Estados Unidos, é colocar em risco o regime em que temos vivido.
O distanciamento dos cidadãos em relação à política tem de ser igualmente lido como o resultado do que aconteceu à classe média durante a última década meia. Primeiro foi incentivada a endividar-se. Depois recebeu a factura em dinheiro e culpa. Nem o capitalismo nem a democracia sobrevivem sem classe média.
IN "SÁBADO"
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