HOJE NO
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Vodafone admite que seis países
têm acesso direto às conversas
dos seus clientes
A
vice-presidente da Comissão Europeia, Viviane Reding, alertou já hoje
para a necessidade de proteger a vida privada dos cidadãos.
A
gigante britânica das telecomunicações Vodafone revelou hoje que seis
dos 29 países em que opera têm acesso direto à sua rede, pelo que podem
escutar e gravar as conversas dos clientes em permanência.
Esta é a primeira vez que o grupo publica um relatório sobre as suas
relações com as autoridades governamentais dos 29 países onde a Vodafone
tem representação.
“Num pequeno número de países a lei ordena que agências ou
autoridades especificas tenham um acesso direto à rede dos operadores” e
que possam gravar e monitorizar conversas, indicou a Vodafone, sem
identificar os países em questão por razões legais.
As mesmas ligações permitem também às autoridades verificar a localização do utilizador, acrescenta a Vodafone.
Na maioria dos países, contudo, a Vodafone mantém o total controlo
operacional das redes e as autoridades têm de pedir o apoio da operadora
para acederem aos dados e conversas dos clientes.
O grupo explica que é obrigado a seguir as leis dos países onde se
instala, sob pena de ver a licença de operação revogada ou de os seus
funcionários serem alvos de processos penais.
"Recusar cumprir as leis de um país não é uma opção”, pode ler-se no
relatório, que a empresa promete passar a publicar anualmente para
contribuir para o debate sobre os sistemas de vigilância governamentais.
Várias organizações defensoras do direito à privacidade consideram que esta situação é um “pesadelo”.
“Que os governos tenham acesso a chamadas telefónicas e que para o
fazer apenas precisem de carregar num botão é aterrador”, declarou a
diretora da organização defensora dos direitos civis britânica Liberty,
Shami Chakrabarti.
A vice-presidente da Comissão Europeia, Viviane Reding, alertou já
hoje para a necessidade de proteger a vida privada dos cidadãos.
"Para o trabalho de simples polícia, é importante ter regras e
utilizar pinças em vez do aspirador para a recolha de dados pessoais",
disse a comissária.
A Vodafone é o segundo maior operador de redes móveis do mundo, com
434 milhões de clientes a 31 de março de 2014 e possui também as redes
de fibra ótica herdadas da empresa Cable & Wireless Worldwide, que
adquiriu em 2012.
A publicação do relatório da Vodafone surge num momento em que a
espionagem generalizada por parte de alguns governos é motivo de atenção
devido às revelações de Edward Snowden, ex-consultor da Agência de
Segurança Nacional Americana (NSA na sigla americana), que revelou um
vasto sistema de vigilância de conversações telefónicas e através da
internet.
No seu relatório, a Vodafone apresenta uma exposição das leis a que
está sujeita em cada país onde opera, incluindo Portugal, onde a
Constituição define duas situações em que os tribunais podem autorizar a
interceção de conversas em tempo real: no caso de investigações
criminais e no caso de o Presidente da República decretar o estado de
emergência ou o estado de sítio.
* Em que mundo estamos??? Há uma certeza, a Vodafone aceita operar em países com leis discricionárias a troco do negócio. O dinheiro é mais forte que a idoneidade.
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