08/03/2014

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HOJE NO
"CORREIO DA MANHÃ"

Desafio da canela 
é moda perigosa entre os adolescentes

Os médicos americanos, onde a moda começou, já alertaram: não aceitem este desafio. O jogo que já chegou a Portugal e tem tido impacto no Youtube pode causar asfixia.

O desafio da canela é uma moda perigosa entre os jovens de todo o mundo e os adolescentes portugueses não escaparam. O jogo em causa consiste em tentar engolir uma colher cheia de canela em pó e aguentar um minuto sem beber água. E, claro, filmar tudo para poder publicar o 'feito' no Youtube, onde o efeito de repetição assume uma escalada preocupante.
De acordo com o estudo da Sociedade Americana de Pediatria, a simples tentativa de engolir a canela pode causar asfixia, irritação da garganta e problemas respiratórios, podendo mesmo causar problemas graves nos pulmões. O mesmo estudo afirma que, em todo o mundo, pelo menos trinta jovens necessitaram de cuidados médicos em 2012 depois de terem feito este jogo.

Os alertas surgiram em força nos Estados Unidos depois de dezenas de jovens terem ido parar às urgências, com muitos a necessitarem mesmo de ventilação.

CONSELHOS PARA OS PAIS PREVENIREM COMPORTAMENTOS EXIBICIONISTAS
Há cada vens mais jovens dependentes das redes sociais. Para Vera Lisa Barroso, psicóloga infanto-juvenil da Oficina de Psicologia, esta adição é justificada "como forma de satisfazer a grande necessidade - de pessoas mais introvertidas - de estar em contacto com outras pessoas".

E se, por um lado, o recurso às novas tecnologias é uma mais-valia, o abuso delas pode ter exatamente o efeito contrário. "Vai-se observando da parte dos jovens uma crescente necessidade de chamar à atenção sobre si próprios, através da procura de aprovação e admiração dos outros em comportamentos que os possam 'evidenciar' no grupo de pares, em situações normalmente de elevada animação e entusiasmo - muitas delas situações de risco sem qualquer tipo de ponderação de consequências", acrescenta a psicóloga, em declarações ao CM.

Como prevenir estes comportamentos é uma das grandes preocupações dos pais desta nova geração. Vera Lisa Barroso explica a forma de ajudar os pais a compreender e evitar comportamentos exibicionistas por parte dos filhos.

10 CONSELHOS PARA OS PAIS CONTROLAREM EXIBICIONISMOS DOS FILHOS
1. Prevenir: Os jovens passam muito tempo sozinhos em frente a máquinas, não usufruindo plenamente do acompanhamento orientado de um adulto/referência, como é o caso dos cuidadores. É fundamental analisar a dinâmica familiar e o tempo de qualidade em partilha dentro do seio familiar - crianças que crescem em ambientes relacionais estruturam-se de forma mais saudável e equilibrada;

2. Os pais devem aqui agir como adultos e abordar o assunto com os seus filhos. Ouvir o seu filho pode dar-lhe informações valiosas na forma como ele está a entender e viver a sua vida.

3. Perceber quais as necessidades, motivações e objetivos do jovem nestes comportamentos exibicionistas, através do diálogo, escuta ativa e o apoio emocional às questões individuais do seu filho; 

4. Promover autonomia nos jovens não é um processo simples mas é essencial para que se saibam defender. Elevados graus de dependência/super proteção prejudica muitas situações do quotidiano e em vários contextos, nomeadamente na tomada de iniciativa e/ou decisão em situações de responsabilidade e/ou risco, quando estão sozinhos;

5. Mostrar interesse pelo que o seu filho diz e sobre o que acontece com ele. Muitas vezes, os adolescentes vivenciam sentimentos de falta de autocontrolo, insegurança, incapacidade de auto-regulação e baixa auto-estima, precisando dos adultos ao seu redor para se construírem;

6. Criar consciência emocional, nomeando as diferentes emoções associadas às diferentes situações pelas quais vai passando: dizer como se sente perante os diversos acontecimentos vividos do tipo "Eu fiquei/estou triste...desiludido(a)...furioso(a)", "pareces zangado/ triste/ preocupado com...";

7. Criar consciência social: relatar o sucedido, do ponto de vista do jovem: "Quando aconteceu isto... fizeste aquilo... disseste que...";

8. Propor mudanças: "Gostava que de agora em diante fosse assim... não acontecesse...", apontando benefícios da solução: "As coisas correriam melhor se...";

9. Implementar regras: a negociação de pais e filhos é sim muito importante e fundamental, desenvolve a autonomia, a reflexão, a compreensão da perspectiva do outro, a análise de consequências e a responsabilidade, no entanto, as regras têm uma função extremamente importante desde os primeiros dias de uma criança, organizam-nos. Nos filhos ajuda-os a lidar com a frustração, a distinguir o certo e o errado, a funcionar com as contrariedades, que como todos sabemos se mantêm ao longo da vida. O papel deles é disputarem essas regras, não quererem as regras, com o crescimento e entrada na fase da adolescência a disputa pode ser ainda mais acentuada e a dificuldade em manter regras sem que estas sejam desafiadas pode aumentar. No entanto, esse é o papel dos pais, um misto de cedência, negociação, confronto de pontos de vista e regras, que não fazem mal, que não os tornam seres revoltados, que não fazem deles agressivos. É uma questão de equilíbrio

10. Promover grupo de amigos: o estabelecimento das relações sociais com os pares é um passo essencial no crescimento e desenvolvimento dos adolescentes. A rejeição ou o isolamento aumenta a probabilidade do jovem incorrer em comportamentos de risco, para ser aceite pelo grupo. Pode mesmo acontecer que o adolescente pela necessidade de ser aceite altere a forma como se veste, como se apresenta, como fala, os seus valores, devido à influência das pessoas com quem convive. É importante respeitar estas experiências que caminham para a construção de uma identidade. No entanto, enquanto pais, podem transmitir aos filhos a importância de ser quem se sente bem em ser, de pensar por si próprio e tomar as suas próprias decisões de acordo com o que considera correto e incorreto, sendo fiel aos seus valores. O carinho, o respeito, a compreensão e a escuta dos seus filhos adolescentes são estratégias essenciais para que o ajude a viver na enorme pressão que sente em ser aceite pelo grupo de pares e não se sentir isolado ou deslocado. A casa e os pais poderão ser o lugar seguro do adolescente, onde é promovido o espaço de reflexão e desabafo, sem crítica ou censura, criando um espaço para ser compreendido, para expor as suas preocupações e receios, encontrando um equilíbrio entre pertencer a um grupo e sentir-se envolvido no mesmo e construir a sua independência em simultâneo.

* Tome nota das propostas


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